Belgas lançam contraprojetos à proposta “pseudo-brutalista” para biblioteca do Porto

Belgas lançam contraprojetos à proposta “pseudo-brutalista” para biblioteca do Porto
| Porto
Porto Canal / Agências

Uma associação belga de arquitetura lançou um concurso de contraprojetos para encontrar ideias alternativas ao projeto de Souto Moura para a ampliação da Biblioteca Municipal do Porto que consideram pseudo-brutalista e fora de contexto.

Na sua página oficial, a associação La Table Ronde de l'Architecture refere que foi a pedido de residentes locais do Porto que decidiu lançar, no final de maio, este concurso de ideias, desafiando arquitetos a desenvolver alternativas ao projeto do prémio Pritzker que “respeitem o caráter tradicional da zona e a biblioteca existente”.

A associação dedicada à defesa e ensino da arquitetura bela, humana e sustentável considera que o edifício do século XVIII, que foi convento até ser convertido em biblioteca, e a sua envolvente, estão ameaçados pelo projeto de ampliação “pseudo-brutalista” da autoria de Souto Moura.

“O projeto modernista de Souto Moura propõe-se trazer uma arquitetura radical e globalizada para o coração da magnífica cidade do Porto, o que, junto a um edifício histórico e à envolvente repleta de casas do século XIX, parece estar completamente fora de contexto”, assinalou esta sexta-feira a presidente da La Table Ronde de l'Architecture, Nadia Everard, questionada pela Lusa.

A responsável explicou que esta é a primeira iniciativa a envolver um projeto de arquitetura portuguesa, tendo o desafio sido lançado por um grupo de arquitetos portugueses.

Este concurso de “contraprojetos” pretende mostrar às populações e aos poderes públicos “que existem outras soluções para o modernismo despojado e, em particular, soluções que respeitam as tradições locais”.

Nesta iniciativa, a associação sem fins lucrativos, com mais de 500 associados entre artesãos, arquitetos, urbanistas, historiadores, escritores, empresários, convida os participantes a destacar as características arquitetónicas locais de seu projeto, bem como os materiais locais.

“Assim, podem surgir propostas mais sensatas, lógicas e contextualizadas, para contrariar uma estrutura monolítica alienante no meio de uma bonita zona da cidade”, lê-se no texto que dá conta da iniciativa que decorreu até 26 de junho e onde acrescentam que todos os projetos apresentados serão enviados à Câmara Municipal do Porto, "na esperança de iniciar o debate e que o projeto da expansão seja alterado”.

No âmbito deste concurso estão a votação - na rede social Instagram até 8 de julho - sete projetos oriundos de Portugal, México, Brasil, Alemanha, Estados Unidos, Irlanda e Malásia.

Ouvido pela Lusa, o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado, escusou-se a comentar a iniciativa, dizendo desconhecê-la.

“Não me posso pronunciar sobre uma coisa que não conheço e também não devo pronunciar politicamente sobre questões que são de algum modo exteriores ou laterais àquilo que é o meu trabalho. A minha responsabilidade é a de garantir a melhor resposta possível para compensar e fortemente mitigar o encerramento temporário da biblioteca”, afirmou.

Questionado sobre a possibilidade introduzir alterações ao projeto cujo concurso público ainda não foi lançado, o responsável salientou que só diante propostas concretas “pode haver uma pronúncia e uma avaliação”, deixando em aberto apenas o acolhimento de “opções que possam não ter a ver com o projeto, mas com serviços ou funções, que não tenham que ver com aspetos físicos”.

O vencedor do Prémio Pritzker (mais importante galardão de arquitetura) que, em 1994, foi o responsável pela obra da biblioteca infantil e do auditório da Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP), foi convidado pela autarquia para projetar a empreitada de requalificação e ampliação da BPMP, projeto que foi retomado em 2017 pelo atual executivo municipal.

Apresentado em junho de 2021, o projeto procura resolver o défice crónico de espaço de armazenamento de livros e de outro tipo de espólio, através da construção de “uma torre” que aproveitará o espaço em altura”.

A Lusa tentou obter um comentário de Souto Moura, até ao momento sem sucesso.

Na apresentação do projeto em 2021, Souto Moura defendeu que este projeto de arquitetura altera também a qualidade da própria vivência da biblioteca, tornando menos “austera”, com fluidez na circulação dos percursos, numa aproximação ao conceito das bibliotecas contemporâneas.

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