Requalificação da Biblioteca Municipal do Porto preserva arquitetura setecentista do edifício, garante Câmara e arquiteto
Porto Canal/Agências
A Câmara do Porto e o autor da requalificação da Biblioteca Pública Municipal, Souto Moura, garantem que o projeto preserva a arquitetura de origem setecentista do edifício.
Depois de a Lusa ter noticiado que uma associação belga de arquitetura lançou um concurso para ideias alternativas ao projeto de Souto Moura, considerando-o “pseudo-brutalista” e “fora de contexto”, o município remeteu à Lusa informação publicada na sua página oficial, onde sublinha o compromisso do município e do autor do projeto em “preservar a herança setecentista que serve de casa a um importante espólio bibliográfico da cidade”.
No início da semana, antes da publicação da notícia, a Lusa pediu uma reação ao gabinete de Souto Moura, que não obteve ainda resposta e ouviu também o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado que se escusou a comentar a iniciativa, dizendo desconhecê-la.
Na informação agora remetida à Lusa a câmara do Porto sublinha que o projeto, apresentado em 2021, “não sofreu qualquer alteração, estando assegurada a manutenção inalterada – quer a nível da volumetria, quer a nível do desenho arquitetónico – de todas as fachadas do edifício, voltadas para as ruas do Morgado Mateus e D. João IV e para a Avenida Rodrigues Freitas”
“A conservação envolve a adequação e recuperação de todos os espaços existentes na sua adaptação à nova função, bem como a reposição de elementos arquitetónicos destruídos, numa clara definição do programa funcional das áreas de acesso ao público e dos serviços técnicos", afirma o gabinete do arquiteto, citado pela autarquia.
Segundo a equipa do arquiteto, "a pretensão para as obras de ampliação baseia-se numa correta integração paisagística em que os volumes propostos respeitam as características principais da malha envolvente, privilegiando os alinhamentos da preexistência, com vista a salvaguardar e valorizar a qualidade urbanística do conjunto".
O concurso de ideias, lançado no final de maio pela associação La Table Ronde de l'Architecture, recebeu sete contraprojetos, que estão em votação até este sábado na rede social Instagram.
A associação considera que o edifício do século XVIII, que foi convento até ser convertido em biblioteca, e a sua envolvente, estão ameaçados pelo projeto “modernista” de Souto Moura que se propõe a “trazer uma arquitetura radical e globalizada” para o coração da cidade do Porto o que, junto a um edifício histórico e à envolvente repleta de casas do século XIX, parece estar completamente fora de contexto”, assinalou, na sexta-feira, a presidente da La Table Ronde de l'Architecture, Nadia Everard, questionada pela Lusa.
Todos os projetos apresentados serão enviados à autarquia, "na esperança de iniciar o debate e que o projeto da expansão seja alterado”.
Questionado sobre a possibilidade de introduzir alterações ao projeto cujo concurso público ainda não foi lançado, o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado, salientou que só perante propostas concretas “pode haver uma pronúncia e uma avaliação”, deixando em aberto apenas o acolhimento de “opções que possam não ter a ver com o projeto, mas com serviços ou funções, que não tenham que ver com aspetos físicos”.