Suíços do CBH compram parte do negócio do Banque Privée Espírito Santo
Porto Canal / Agências
Lisboa, 22 jul (Lusa) -- O banco suíço Compagnie Bancaire Helvétique (CBH) comprou parte do negócio de banca privada do Banque Privée Espírito Santo, instituição detida a 100% pela Espirito Santo Financial Group, 'holding' que controla 20,1% do BES, anunciaram as instituições em comunicado.
"O Banque Privée Espírito Santo (BPES) anunciou hoje a venda de parte do seu negócio bancário ao banco suíço CBH Compagnie Bancaire Helvétique, S.A. O acordo abrange uma parte dos seus clientes nas regiões da Península Ibérica e da América Latina", lê-se no comunicado.
No mesmo documento, onde não são revelados os valores do negócio, as instituições comprometem-se "a trabalhar em estreita colaboração para alcançar as condições ideais para promover a transferência de clientes, estando esta sujeita a algumas condições".
"Estou convencido que encontrámos no CBH Compagnie Bancaire Helvétique uma excelente solução, que nos permite defender, da melhor forma, os interesses dos nossos clientes e dos nossos colaboradores" afirma, citado no comunicado, José Manuel Espírito Santo, Presidente do Conselho de Administração da BPES.
Por sua vez, o presidente executivo do CBH salienta que a instituição que dirige acredita que este "é um passo importante no desenvolvimento e na expansão do (...) banco para os mercados da América Latina e da Península Ibérica".
O Banque Privée Espírito Santo é detido a 100% pela Espirito Santo Finantial Group, a 'holding, que detém 20,1% do Banco Espírito Santo (BES). A instituição foi fundada em Lausanne há mais de 37 anos e é um banco especializado na gestão de fortunas cuja atividade se centra, "com particular destaque, nos mercados da Península Ibérica e da América Latina".
"O CBH, com sede em Genebra, é um banco privado, familiar e independente e foi fundado em 1975. Tem como actividade a gestão de ativos para o segmento de clientes privados e institucionais", lê-se no comunicado.
A venda agora anunciada surge depois de nas últimas semanas terem sido tornados públicos vários problemas em empresas da área não financeira do Grupo Espírito Santo (GES), que têm levantado receios de contágio ao BES, cuja gestão acabou de mudar de mãos.
O BES divulgou em maio que uma auditoria pedida pelo Banco de Portugal às contas da Espírito Santo International (ESI) tinha detetado "irregularidades".
Segundo o documento divulgado na altura através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a auditoria externa levada a cabo na ESI "apurou irregularidades nas suas contas e concluiu que a sociedade apresenta uma situação financeira grave".
No mesmo sentido, a comissão de auditoria do Espírito Santo Financial Group (ESFG) "identificou igualmente irregularidades materialmente relevantes nas contas" da 'holding'.
O BES acrescentava que esta situação podia afetar a sua reputação, apesar de o banco não ser responsável pela ESI e de a ESFG ter tomado medidas para acautelar problemas.
Entretanto, o novo presidente executivo do BES, Vítor Bento -- que substituiu o líder histórico Ricardo Salgado após a divulgação destas notícias --, disse no dia em que entrou em funções (14 de julho), que a prioridade no banco é "reconquistar a confiança dos mercados" e pôr fim à especulação.
O Banco de Portugal já veio várias vezes a público garantir a solidez financeira do BES.
Entretanto, o Tribunal de Comércio do Luxemburgo aprovou o pedido de gestão controlada apresentado pela ESI, que declarou a 18 de julho não estar "em condições de cumprir as suas obrigações" quanto ao pagamento das dívidas.
Hoje, foi a vez de a 'holding' do Grupo Espírito Santo (GES), a Rio Forte Investments, apresentar um pedido de sujeição ao regime de gestão controlada ao abrigo da lei luxemburguesa.
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