Câmara do Porto reúne com proprietários para aquisição de casas nas Fontainhas
Ana Mota
Três meses depois das cheias na cidade do Porto, que afetaram a zona das Fontainhas, a autarquia já reuniu com os senhorios para a aquisição das casas. Dos 23 moradores, três já saíram. Dois foram realojados e um foi para casa de familiares.
Segundo o que o Porto Canal conseguiu apurar junto de uma das proprietárias, já decorreu uma primeira reunião onde foi “demonstrada a intenção da autarquia de adquirir os imóveis”. Manuela Silva, uma das arrendatárias, diz que existe disponibilidade por parte dos proprietários em fazer negócio, mas que “tudo irá depender da proposta apresentada pela autarquia”.
Quanto ao estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a Metro do Porto esclarece que ainda não está concluído, não existindo, para já, um prazo concreto para a entrega do relatório.
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Três meses depois, recordamos as cheias que assolaram a cidade do Porto
A manhã de 7 de janeiro ficou marcada por inundações que deixaram um rasto de destruição na zona histórica do Porto. Menos de uma hora de chuva intensa bastou para que várias ruas ficassem alagadas, provocando avultados prejuízos a moradores e comerciantes. Partes da cidade ficaram paralisadas e muitas questões foram feitas quanto à capacidade de resposta da cidade perante tal intempérie.
Permanece ainda na memória da 'Invicta' o rasto de destruição deixado pelo mau tempo sentido no início do ano. A chuva forte formou vários “rios” que correram da cota alta para a cota baixa da cidade. A rua Mouzinho da Silveira, entre a estação de S. Bento e o Largo de S. Domingos, foi palco de cenas inéditas, com a água a deixar danos no pavimento do espaço público, dada a força exercida.
Nas lojas situadas na Praça Almeida Garrett e início da Rua das Flores, a água entrou e subiu em alguns locais cerca de 20cm. Vídeos de populares, que rapidamente se tornaram virais nas redes sociais, revelaram a impetuosidade da água a arrastar mesas e cadeiras das esplanadas.
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Também os bairros dos Moinhos, Pinheiro da Fonseca e Fontainhas, no Porto, uma das zonas mais afetadas pelo mau tempo, viveram momentos de sobressalto.
A enxurrada, que inundou as casas da ilha edificada junto à Rua de São Victor na sequência das chuvas fortes e do rebentamento de uma tubagem que encana a Ribeira do Poço da Pata, destruiu muitos dos pertences das 23 famílias que ali residem.
Os relatos emocionados dos moradores, após a intempérie, espelhavam a tormenta vivida.
“Eu perdi tudo. Os meus filhos nem conseguiram ir hoje para a escola, porque perderam os livros nas inundações”. “Estava até com medo que os vizinhos tivessem morrido, porque chamava-os e eles não diziam nada”, diziam os moradores.
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As fortes chuvas deixaram ainda outras ligações da cidade cortadas. Na Av. Gustavo Eiffel, o troço entre a ponte D. Maria Pia e a ponte Luiz I teve de ser cortado ao trânsito.
Desde cedo, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto, salientou que as obras do metro do Porto podiam estar na raíz do problema. “Uma obra pode provocar este tipo de alterações”, realçou.
Perante este cenário, no próprio dia dos incidentes foi convocada uma reunião da comissão técnica formada na sequência da intempérie, onde estiveram presentes o vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, representantes da empresa responsável pela empreitada da futura linha rosa e especialistas da FEUP.
No encontro decidiu-se que para além de ser necessário proceder de imediato a algumas intervenções na obra, era urgente encomendar um estudo que avaliasse a capacidade de resposta da rede hidráulica projetada e em funcionamento, durante os trabalhos, naquela zona da cidade.