Dois meses depois, recordamos as cheias que assolaram a cidade do Porto 

Dois meses depois, recordamos as cheias que assolaram a cidade do Porto 
| Porto
Porto Canal

A manhã de 7 de janeiro ficou marcada por inundações que deixaram um rasto de destruição na zona histórica do Porto. Menos de uma hora de chuva intensa bastou para que várias ruas ficassem alagadas, provocando avultados prejuízos a moradores e comerciantes. Partes da cidade ficaram paralisadas e muitas questões foram feitas quanto à capacidade de resposta da cidade perante tal intempérie. 

Permanece ainda na memória da 'Invicta' o rasto de destruição deixado pelo mau tempo sentido no início do ano. A chuva forte formou vários “rios” que correram da cota alta para a cota baixa da cidade. A rua Mouzinho da Silveira, entre a estação de S. Bento e o Largo de S. Domingos, foi palco de cenas inéditas, com a água a deixar danos no pavimento do espaço público, dada a força exercida. 

Nas lojas situadas na Praça Almeida Garrett e início da Rua das Flores, a água entrou e subiu em alguns locais cerca de 20cm. Vídeos de populares, que rapidamente se tornaram virais nas redes sociais, revelaram a impetuosidade da água a arrastar mesas e cadeiras das esplanadas. 

 
 
 
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Também os bairros dos Moinhos, Pinheiro da Fonseca e Fontainhas, no Porto, uma das zonas mais afetadas pelo mau tempo, viveram momentos de sobressalto.

A enxurrada, que inundou as casas da ilha edificada junto à Rua de São Victor na sequência das chuvas fortes e do rebentamento de uma tubagem que encana a Ribeira do Poço da Pata, destruiu muitos dos pertences das 23 famílias que ali residem.

Os relatos emocionados dos moradores, após a intempérie, espelhavam a tormenta vivida.

“Eu perdi tudo. Os meus filhos nem conseguiram ir hoje para a escola, porque perderam os livros nas inundações”. “Estava até com medo que os vizinhos tivessem morrido, porque chamava-os e eles não diziam nada”, diziam os moradores. 

 
 
 
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As fortes chuvas deixaram ainda outras ligações da cidade cortadas. Na Av. Gustavo Eiffel, o troço entre a ponte D. Maria Pia e a ponte Luiz I teve de ser cortado ao trânsito. 

Desde cedo, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto, salientou que as obras do metro do Porto podiam estar na raíz do problema. “Uma obra pode provocar este tipo de alterações”, realçou.

Perante este cenário, no próprio dia dos incidentes foi convocada uma reunião da comissão técnica formada na sequência da intempérie, onde estiveram presentes o vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, representantes da empresa responsável pela empreitada da futura linha rosa e especialistas da FEUP.

No encontro decidiu-se que para além de ser necessário proceder de imediato a algumas intervenções na obra, era urgente encomendar um estudo que avaliasse a capacidade de resposta da rede hidráulica projetada e em funcionamento, durante os trabalhos, naquela zona da cidade.

Estudo do LNEC ainda por divulgar

Encomendado em janeiro pela Metro do Porto ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), as conclusões deviam ter sido reveladas em meados de fevereiro, mas como o Porto Canal noticiou a 30 de janeiro, tal cenário não se verificou.

No final do mês de janeiro, Tiago Braga, presidente da Metro do Porto revelou aos jornalistas que o estudo deveria ser divulgado “dentro de duas a três semanas”. Mais de um mês depois o estudo ainda não viu a luz do dia.

De acordo com a fonte da empresa, a Metro do Porto já entregou ao LNEC “elementos sobre as redes da bacia, dados de precipitação e o projeto da Metro do Porto”. Neste momento, o LNEC “está a caracterizar a rede e o evento de precipitação” para poder efetuar nova avaliação hidráulica, acrescentou Tiago Braga no final do mês de janeiro.

Para além de analisar o episódio das cheias, o estudo também avalia a resiliência hidráulica do novo túnel do rio da Vila que a Metro do Porto está a construir por baixo da Rua das Flores, assegura a mesma fonte.

Preocupações dos moradores

Um mês depois das fortes inundações que abalaram a cidade do Porto, a população afetada criticava a falta de apoios das autoridades e garantia que não tinha sido feito o levantamento dos prejuízos. No Bairro dos Moinhos, nas Fontainhas, garantiam que foi a ajuda de familiares e amigos que os salvou nos dias seguintes às inundações. “Não chegou nada, ninguém perguntou nada”.

No Bairro dos Moinhos existem cerca de 25 casas, quase todas do mesmo senhorio. Ao que o Porto Canal apurou apenas uma delas foi evacuada. A Câmara do Porto manifestou, logo na semana seguinte às cheias, interesse em adquirir toda a ilha. O objetivo seria demolir algumas casas e reconstruir outras. Contactada pelo Porto Canal, um mês depois, a autarquia garantiu que as intenções se mantinham e que o processo de negociação com os senhorios estaria em curso.

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