“Para tudo é preciso mendigar”. Porto sai à rua a 1 de abril por melhores condições de habitação
Porto Canal / Ana Mota
“Só entre a rua Santa Catarina e a Rua da Alegria existem habitações suficientes para alojar as pessoas que estão em lista de espera para habitação social, duas vezes.” O alerta é deixado por Bernardo Alves, da Habitação Hoje. O movimento sai à rua a 1 de abril pelo direito à habitação e por melhores condições de vida.
As manifestações vão acontecer um pouco por todo o país, em sete cidades distintas. Porto, Lisboa, Aveiro, Braga, Coimbra, Viseu e Ponta Delgada vão unir vozes pela defesa de uma “Casa para Viver”. O movimento agrega várias associações e, no Porto, é o resultado da vontade de 33 coletivos que se juntaram à iniciativa.
A Habitação Hoje, movimento que nasceu na cidade do Porto e que organizou a concentração, diz ter “três chapéus principais” para usar durante a luta. O direito à habitação, o direito à cidade e o fim da exploração através do custo de vida. “No campo do direito à habitação, lutamos pelo aumento do parque público habitacional. O direito à cidade tem a ver com o número de casas vazias, que no Porto são 20 mil. Quanto à exploração através do custo de vida, defendemos o controle do preço dos bens essenciais pelo Estado”, explica Bernardo Alves.
Os problemas são vários, mas o movimento defende soluções imediatas para um problema que “não é prioridade para o Estado central”. “Quanto ao que deveria ser posto em prática no imediato, defendemos o fim dos despejos por especulação, ou seja, aqueles despejos que acontecem porque o senhorio quer apenas subir a renda. Depois, claro, é necessário baixar o preço das rendas e controlá-las. O pacote de medidas anunciado pelo Governo não controla os valores altos, é apenas mais um monte de areia para os olhos”, acrescenta um dos líderes do movimento Habitação Hoje.
A manifestação “Casa para Viver” acontece no dia 1 de abril. Na cidade do Porto a concentração está marcada para as 15 horas, na Praça da Batalha, sendo que depois o desfile decorre pela cidade até à Praça D. João I. O evento, que contará com várias centenas de pessoas, promete ser “um alerta” de que a forma de resolver os problemas “é também através da organização popular”. Para tudo é preciso mendigar, até para se ter acesso a coisas que são direitos básicos”.