Aos 9 anos, Ana foi viver para um quarto com a mãe. Agora, o filho passa pelo mesmo

Aos 9 anos, Ana foi viver para um quarto com a mãe. Agora, o filho passa pelo mesmo
Foto: Ana Francisca Gomes | PortoCanal
| Norte
Ana Mota

Faltam poucos dias, apenas dois, para Ana abandonar a casa onde viveu durante 7 anos. As caixas empilhadas pelos corredores fazem prever o que há muito sabe que a espera. Mãe e filho vão viver para um quarto. Foram “expulsos” pela especulação imobiliária.

As memórias seguem empacotadas rumo à nova vida que os espera. É sexta-feira à tarde e Ana Esteves acaba de embalar roupas e algumas compras que tem na dispensa. “Hoje esteve cá uma técnica da Gaiurb, veio ver se tenho direito a uma casa de habitação social. Ainda me perguntou se vou mesmo ter de sair. Acha que existem dúvidas?”. As pilhas de caixas dão a resposta. Ana Esteves, mãe de um menino de 12 anos, vai ter que sair no fim de semana.

Ana vive num T2 em Vila Nova de Gaia, onde paga 300 euros de renda desde 2016. Quatro anos depois de dar entrada na casa, recebeu uma carta que anunciava o final do contrato. Das duas uma, ou saía ou aceitava um aumento de 100 euros de renda. Desempregada e com um subsídio que pouco ultrapassava os 500 euros, Ana decidiu que não ia aceitar a proposta. “Foi-me comunicado o final do contrato em pleno período de pandemia. Consegui manter-me mais um ano na casa, através da ajuda da Associação de Inquilinos, até ser surpreendida com um processo em tribunal”, explica Ana Esteves.

Uma vez que o acordo que fez para permanecer mais um ano foi “apenas verbal”, em julho de 2021 a empresa que gere o imóvel abriu um processo em tribunal para expulsar a inquilina. “É uma situação que me preocupa muito, ainda hoje não consigo dormir. Vou ter que ir para um quarto de uma amiga porque não consigo arranjar nada por este valor”, diz Ana Esteves.

Depois de chegar a acordo com os proprietários do imóvel, Ana e o filho vão deixar a casa no final de março. “Quando tinha nove anos, aconteceu-me exatamente a mesma coisa com a minha mãe, fui viver para um quarto e foi muito doloroso. O que mais queria é que o meu filho não passasse pela mesma situação”, conta.

Ana Esteves está inscrita na Gaiurb desde 2021. Só esta sexta-feira, dois anos depois, foi contactada pelos serviços municipais para que fosse encontrada uma solução. De uma lista de 10 mil famílias à espera de uma habitação social, Ana está para lá do 200.º lugar. O Porto Canal contactou a autarquia que não respondeu a tempo desta reportagem.

 
 
 
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