Autarquia do Porto em choque com decisão do Ministério da Cultura sobre gestão dos museus
Porto Canal
A autarquia do Porto mostrou-se chocada com a decisão do Ministério da Cultura de voltar a centralizar a gestão de sete museus do Norte para a Direção Geral do Património, em Lisboa. Pedro Baganha, vereador do Urbanismo e da Habitação da Câmara do Porto, considerou, este sábado, que “há alguma incoerência por parte do Governo Central".
Em declarações ao Porto Canal à margem do arranque do ciclo cultural “Um objeto e seus discursos” no quase restaurado ateliê António Carneiro, no Porto, o vereador do Urbanismo e da Habitação disse que “não se percebe muito bem o que se pretende, porque se em algumas matérias o Governo está a descentralizar competências que não eram das autarquias, por exemplo a saúde ou a ação social, em outras matérias, como a habitação e a cultura, existe a um movimento oposto”.
Para Pedro Baganha, não só esta decisão do Ministério da Cultura “choca”, como “por exemplo a centralização das dotações previstas em PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) para a recuperação de equipamentos culturais são na sua esmagadora maioria destinados à região de Lisboa esquecendo o resto do país”.
A autarquia do Porto criticou ainda a gestão distante dos equipamentos culturais. “Gerir um equipamento cultural a 300, 400 ou 500 quilómetros de distância não é certamente tão eficaz como ter uma estrutura descentralizada da gestão desses mesmo equipamentos”, acrescentou Pedro Baganha.
Também em declarações ao Porto Canal, o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado, lamentou o retrocesso que se avizinha e aplaudiu o trabalho da Direção Regional de Cultura do Norte que, neste momento, aguarda por novos desenvolvimentos.
“O trabalho desenvolvido pelo Direção Geral de Cultura do Norte é um trabalho de excelência, um trabalho muitíssimo respeitado, muito qualificante daquilo que é o valor do património e a relevância do património cultural a norte”, elogiou Jorge Sobrado.
De forma a rematar o assunto, o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto admitiu que “seria uma perda para a região se esse capital de experiência e excelência garantido na região pela Direção Regional de Cultura sofresse um recuo, um retrocesso”.
Também este sábado, Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, considerou que a gestão dos municípios deve ser outra. Tendo em conta o processo de descentralização, a ministra quer que os museus sejam geridos pelos municípios o que contraia a vontade do Ministério da Cultura.