Consumo de droga “à porta de casa” assusta moradores do Porto

Consumo de droga “à porta de casa” assusta moradores do Porto
Filipa Brito/Porto.
| Porto
Porto Canal

Os últimos meses têm sido pautados pelo crescimento da perceção pública relativamente ao tráfico e consumo de estupefacientes no Grande Porto.

O problema, segundo alguns moradores, piorou com a abolição das torres do Aleixo, situação que se terá agravado ainda mais com o desmantelamento, por parte do Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, de um acampamento de toxicodependentes no bairro da Pasteleira. “O facto de as antigas Torres do Aleixo terem ido abaixo, concentrou muita venda e consumo de droga aqui nesta zona da Pasteleira e do Fluvial”, contou um morador. Ao mesmo tempo, há quem considera que “com aquela parte fechada [acampamento], eles vieram mais para esta zona”, contou ao Porto Canal uma moradora das periferias da Pasteleira.

 
 
 
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O aumento do consumo de droga, agora mais à vista dos cidadãos, assusta quem, inevitavelmente, tem que circular pelas zonas mais afetadas. “Quando chegamos de manhã, às 6h30, notamos sempre [nas pessoas a consumir droga] e vimos com medo, tenho que vir sempre com alguém. E tenho colegas que vêm a pé e se sentem inseguras, são perseguidas”, afirmou uma trabalhadora da zona. Já uma moradora confessa, também, que o medo de sair de casa não é só durante a noite: “à noite é horrível para sair ou entrar, e de dia também. Eles drogam-se, seja nos vãos das escadas, à porta das garagens… Eles não se importam em que sítio é que é”.

A realidade da droga está, literalmente, à porta de casa destes moradores, que chegam a preocupar-se com a segurança da própria família. “Ainda agora saí do prédio, há 10 minutos, e estavam a consumir no parque de estacionamento”.

“Assustador” é uma das palavras de ordem de todos os entrevistados que, já há décadas, moram ou trabalham naquela zona, queixando-se e lamentando que o cenário, neste momento, seja tão preocupante, reconhecendo que se trata de um problema “complicado e difícil de resolver”.

A presença dos consumidores de droga na via pública é permanente, mesmo que indiretamente. Ao Porto Canal, um morador contou que fica sempre “muita sujidade, com pratas e outros objetivos relacionados com o consumo de drogas. Há também pessoas que ficam lá a dormir, tem sempre o cheiro a urina ou a fazes. É complicado”.

Esta segunda-feira, o Presidente da Câmara Municipal do Porto disse querer ver alterada a lei para o consumo de droga em determinadas zonas da via pública. Perante os cenários que encontrou na manhã do início desta semana, o autarca da cidade entende que só com uma mudança da lei e um agravamento das penas para o tráfico se pode conter o problema que afeta várias áreas da cidade.

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