STOP. Artistas temem que centro comercial encerre em maio e apontam interesses imobiliários nos terrenos

| Porto
Joana Almeida Carvalho

Os artistas do Centro Comercial STOP temem que a utilização dos terrenos vazios por trás do edifício, na antiga Oficina do Ferro, sejam a verdadeira motivação para a tentativa de fecho do emblemático local da cidade do Porto. Para os terrenos já foi lançado um concurso para a construção de um empreendimento.

O Centro Comercial STOP fechou as lojas e começou a ser utilizado por artistas há, pelo menos, duas décadas. No entanto, tem estado sob ameaça de encerrar as portas de forma definitiva nos últimos dez anos.

As últimas notícias davam nota de que o encerramento seria para breve, uma vez que, segundo a autarquia, o edifício não tinha as condições de segurança necessárias, nomeadamente ao nível do plano de combate a incêndios.

Porto Canal

De acordo com os músicos, a última inspeção tinha sido realizada em julho de 2012. Nessa altura, não foram detetadas quaisquer irregularidades e a questão que agora se coloca é: o que é que mudou?

Porto Canal

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“Temos ali mapas de inspeção de autoproteção contra incêndios de 2012. Portanto nessa altura a Câmara ou a Proteção Civil já tinha passado por cá e já tinham feito a vistoria e, supostamente, passou pela frente um documento que diz que não havia inconformidades com a lei nessa altura, nada mudou de lá para cá, a não ser a vontade de alguma coisa mudar aqui”, explicou Jaime Manso, músico e utilizador do STOP há cerca de oito anos.

Uma grande preocupação dos músicos tem sido a existência de terrenos por trás do STOP. Segundo Jaime Manso, “há muitas conversas de que o STOP vai ser um hotel, vai ser comprado, que há empresas do Porto que estão interessadas nisto e que já compraram uns terrenos aqui atrás e que o Centro Comercial STOP está a estorvar o projeto deles, e temos de perceber se isto é verdade”.

O Porto Canal contactou a IME – Imóveis e Empreendimentos, proprietária desses mesmos terrenos, que confirmou que neste momento estão destinados à construção de um empreendimento de habitação e, possivelmente, de serviços, estando ainda “tudo em aberto”. No entanto, segundo o engenheiro Bruno Oliveira, um dos responsáveis da IME, o Centro Comercial STOP “nada está relacionado com esse projeto” e, por isso, não constitui qualquer ameaça. 

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STOP PASSA A TER DUAS ASSOCIAÇÕES MAS NÃO SE ENTENDEM

Depois das primeiras notícias de um possível encerramento, os artistas vieram ainda a saber que foram colocados na Câmara dois projetos pelo condomínio e pela direção da Alma Stop, uma associação que foi criada com o objetivo de defender os artistas que utilizam o espaço. Os projetos colocados na Câmara eram de arquitetura e outro de engenharia.

“Formamos a Associação Alma Stop mas durante três anos não soubemos de nada. Ao fim desses três anos soube-se que estavam na Câmara dois projetos que os associados não conheciam, quando a associação foi precisamente criada com o intuito de defender os interesses dos músicos do Centro Comercial STOP”, explicou Jaime Manso.

Além de terem sido enviados sem o conhecimento dos restantes associados, os projetos eram, segundo Jaime Manso, exacerbados no que diz respeito aos montantes indicados. “Estamos a falar de um projeto, por exemplo o de engenharia, que fala de 1500 ou 1700 pessoas que utilizam o espaço, mas esta não é a realidade e não estamos a avaliar um centro comercial, estamos a avaliar um espaço de ensaios”.

O artista refere ainda que “esse projeto não é o necessário, é um projeto para um edifício qualquer que não é o STOP”, reforçando que o edifício atual, para os fins que é utilizado, não necessita de montantes tão elevados como os projetos que estão na câmara.

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Centro Comercial Stop continua a ser um ponto turístico da cidade 

No dia sete de março de 2022, duas utilizadoras do edifício estiveram presentes na Reunião Pública da Câmara para questionar sobre estes mesmos projetos, mas não obtiveram as respostas que pretendiam. Esta situação terá levado à demissão de um dos membros da direção da Associação em funções, a Alma Stop, e terá sido criada uma nova Associação: a Associação Músicos do STOP, que manteve um dos membros da direção da Alma Stop.

Rui Guerra, agora presidente da Associação Músicos do STOP, refere que o condomínio tem de facto um projeto na Câmara para proceder à legalização do edifício. Segundo o músico, o projeto consiste “em três tópicos: um sistema de deteção de incêndio que é obrigatório, saídas de emergência e isolamento acústico, principalmente na parte da frente do edifício”. Rui Guerra estima que o montante necessário “ronda um milhão e meio a dois milhões de euros”.

Fica agora em aberto quando é que o Centro Comercial vai fechar. Entre alguns músicos corre a informação de que o encerramento poderá ser em maio.

Ao Porto Canal, a autarquia adiantou que, para já, irá ser realizada uma nova inspeção “por parte da Inspeção dos Serviços de Emergência e Proteção Civil, com competência para tal, conforme Orgânica da ANEPC” (Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil).

Já o presidente da Câmara, Rui Moreira, aponta como alternativa os pisos superiores do silo auto, mas os músicos garantem que não há condições para o espaço ser utilizado pelos cerca de 500 artistas que estão atualmente no STOP.

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