Carlos Guimarães Pinto: “A gestão da TAP está em guerra aberta com os seus colaboradores já há vários meses”
Porto Canal
Segundo documentos a que o Porto Canal teve acesso, o mês de dezembro é tradicionalmente um mês muito complicado para a operação da TAP. Em 2019, último ano antes da pandemia por covid-19, que provocou uma paralisação generalização do setor da aviação, o absentismo no período natalício rondou os 17,6% entre comissários e assistentes de bordo.
No entanto, este ano a taxa de absentismo prevista para o mês de dezembro entre tripulantes de cabine da TAP situa-se nos 28,7%. De 2800 trabalhadores, 803 estão já afastados da operação neste mês, número que, combinado com a greve agendada para 8 e 9 de dezembro, ameaça provocar uma disrupção na operação da companhia de bandeira.
Ao Porto Canal, Carlos Guimarães Pinto, deputado da Iniciativa Liberal, comentou esta situação. O deputado começou por dizer que o que “está a acontecer na TAP era mais ou menos previsível”, tendo em conta o “descontentamento” e a “grande insatisfação” que se fazia sentir por parte dos sindicatos.
O deputado explicou que existe esta “insatisfação porque na altura em que foi decidido injetar dinheiro na TAP, um dos grandes argumentos era que essa injeção seria para salvar os postos de trabalho e salvar o salário dos trabalhadores”. “Nem uma coisa, nem outra aconteceu”, acrescentou Carlos Guimarães Pinto.
Além disso, este cenário é especialmente grave entre os tripulantes de cabine. Para o deputado da Iniciativa Liberal “a gestão da TAP está em guerra aberta com os seus colaboradores já há vários meses”. “Todos (colaboradores) têm essa perspetiva de que a gestão não os ouve”.
A gestão da TAP “tem de obedecer à tutela”, visto que esta quer cumprir dois objetivos: “vender a TAP ao valor mais alto possível e consegui ter um lucro mínimo para mostrar ao público que a TAP deu a volta”, concluiu o deputado.
Sendo assim, aquilo que se pode esperar nas próximas semanas “é que haja uma grande disrupção naquilo que é a qualidade de serviço da TAP” e tudo isto acontece “para reduzir a estrutura de custos para ser mais fácil de vender”, ou seja, “camuflar a estrutura de custo da TAP para que o futuro comprador pense que os custos são mais baixos do que aquilo que realmente a TAP precisa para funcionar a 100%”.
Carlos Guimarães Pinto acabou por concluir que “a TAP apesar de ser uma companhia pública, neste momento, deveria defender o interesse público e aquilo que faz é exatamente o oposto”. “Não defende o interesse público porque mantém slots que não planeia usar ou cujo os valores acabam cancelados, quando esses slots podiam ser atribuídos a companhias aéreas que têm possibilidade de usá-los”.