Empresa chinesa enviou duas primeiras composições para a Metro do Porto
Porto Canal / Agências
A fabricante estatal chinesa China Railway Rolling Stock Corp (CRRC) Tangshan enviou para Portugal as duas primeiras composições encomendadas pela Metro do Porto, anunciou a Administração Geral das Alfândegas chinesa.
As composições foram colocadas num barco que partiu do porto de Tianjin, no norte da China, revelou a Administração Geral, num comunicado divulgado na segunda-feira, que sublinhou que estas são as primeiras carruagens chinesas exportadas para a União Europeia.
As primeiras composições, cujo fabrico terminou em julho, foram enviadas para um período de testes na cidade de Tangshan, na província de Hebei, também no norte da China, disse na altura a CRRC Tangshan.
Zhou Junnian, presidente da CRRC Tangshan, disse num comunicado que, devido ao "impacto adverso trazido pela covid-19", a produção da primeira composição só arrancou "em novembro de 2021", sendo concluída "após mais de oito meses de esforços".
A empresa chinesa tinha recebido em outubro de 2020 autorização para iniciar o fabrico de 18 composições, após a Metro do Porto ter obtido um visto prévio do Tribunal de Contas (TdC).
Na altura, fonte oficial da Metro do Porto disse à Lusa acreditar que a CRRC Tangshan poderia entregar pelo menos "uma ou duas unidades" até ao final de 2021, com as restantes composições entregues até 2023, ao ritmo de um por mês.
Segundo a fabricante chinesa, cada uma das composições terá 72 carruagens, uma capacidade máxima de 346 passageiros e velocidade máxima de 80 quilómetros por hora.
O contrato assinado em janeiro de 2020, no valor de 49,57 milhões de euros, inclui serviços de manutenção durante cinco anos, avançou o Ministério do Comércio chinês.
As composições irão servir as novas linhas Rosa, no Porto, entre São Bento e a Casa da Música, e o prolongamento da linha Amarela, entre Santo Ovídio e Vila d'Este, em Vila Nova de Gaia, ambas já em construção.
Estas novas linhas vão acrescentar seis quilómetros e sete estações à rede, representando um investimento global na ordem dos 300 milhões de euros.
Atualmente, a frota da Metro do Porto é constituída por 102 veículos: 72 do tipo Eurotram e 30 do tipo Tram-train. Com o investimento em 18 veículos da CRRC Tangshan, a frota do Metro do Porto passará a contar com 120 unidades.
O Metro do Porto opera em sete concelhos da Área Metropolitana do Porto com uma rede de seis linhas, 67 quilómetros e 82 estações.
Fundada em 1881, a CRRC Tangshan é uma empresa chinesa com larga tradição na produção de comboios, comboios de alta velocidade e veículos de metro. É o maior fabricante mundial de material circulante ferroviário, com sede em Pequim e empregando mais de 180 mil trabalhadores.
A empresa chinesa está atualmente na corrida ao concurso de aquisição de 117 automotoras para os serviços regional e suburbano da CP, Comboios de Portugal, por um preço base de 819 milhões de euros, com o material a ser entregue até 2029.
A adjudicação deve acontecer em fevereiro de 2023 e não este ano, como inicialmente previsto, disse em 22 de setembro o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
A CRRC Tangshan foi também, em parceria com a francesa Thales, um dos concorrentes derrotados no contrato de aquisição de 42 carruagens e de um novo sistema de sinalização ferroviária para o Metropolitano de Lisboa, atribuído em 2020.