Trânsito no Porto volta a ser o pior da Europa
Porto Canal
Segundo o índice de Tráfego da Tomtom, um dos indicadores de trânsito mais usados internacionalmente, a cidade do Porto teve uma taxa de congestionamento em tempo real de 108% na passada quinta-feira de manhã, o valor mais elevado entre as principais cidades europeias.
O regresso ao trabalho, o início do ano letivo e o aumento da sinistralidade associada ao meu tempo fazem de Setembro um mês habitualmente complicado no que ao trânsito diz respeito. Em 2021, o Porto surpreendia ao atingir o topo das cidades europeias no índice de congestionamento em tempo real.
Um ano depois, os problemas agravaram-se. Como o Porto Canal demonstrou, além das causas sazonais para o problema no tráfego, somam-se agora novas condicionantes.
As obras relacionadas com o Metro do Porto, referentes à nova Linha Rosa (Casa da Música - Praça da Liberdade), criaram vários obstáculos e restrições à circulação viária em diversas partes do percurso: na Avenida de França, os carros foram desviados para um percurso alternativo; a Rua de Júlio Dinis tem obstáculos referentes à perfuração. Na Praça da Galiza, a construção da nova estação de metro está a provocar alterações significativas à normal circulação. O Jardim do Carregal, bem como as ruas adjacentes, está encerrado, o que provocou uma alteração dos sentidos de trânsito na Rua de Miguel Bombarda e Rua do Rosário; a Rua dos Clérigos está em encerrada e a Praça da Liberdade, bem como a Avenida dos Aliados, condicionadas.
O encerramento do tabuleiro inferior da Ponte Luís I tem também resultado numa sobrecarga excepcional das restantes travessias. Ao fim da tarde, em hora de ponta, os acessos à Ponte do Infante e da Arrábida aumentam o índice de congestionamento. A Ponte Luís I é o único atravessamento à cota baixa da cidade, pelo que o seu encerramento se reflete em toda a rede viária da zona histórica. A empreitada, a cargo da IP, teve início a 6 de outubro de 2021 e foi anunciada com um período de 12 meses. A quatro dias do prazo, não há notícia da reabertura.
As obras de repavimentação na VCI, em particular no nó da A3, ao fim da tarde e noite, somam-se aos problemas já existentes. Se a Via de Cintura Interna é, em circunstâncias normais, um eixo em sobrecarga quase permanente, fruto da sobreutilização em percursos metropolitanos, regionais, nacionais e internacionais, a supressão de vias agrava ainda mais o congestionamento. Centro nevrálgico dos problemas de trânsito na Área Metropolitana do Porto, a VCI já foi alvo de inúmeras propostas dos municípios envolventes. Uma delas incidia sobre o fim das portagens da A4 e CREP, medida que, segundo os proponentes, iria desviar muito do trânsito nacional e internacional, de pesados e não só, que cruza, desnecessariamente, o núcleo da cidade do Porto.
O valor de 108% de taxa de congestionamento em tempo real representa um cenário de ruptura do sistema de circulação. No mesmo período, Lisboa não superou os 103%, Madrid 66%, Paris 89%, Londres 85%, Roma 97%, Nápoles 86%.
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