Morreu a escritora Ana Luísa Amaral
Porto Canal
A escritora, poetisa e tradutora Ana Luísa Amaral morreu esta sexta-feira, aos 66 anos, "vítima de doença prolongada" - avança o Observador, citando Vasco David, editor da "Assírio & Alvim."
A cerimónia fúnebre está marcada para domingo no Tanatório de Matosinhos. O velório realiza-se este sábado, a partir das 17 horas, na Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira.
Segundo a Universidade do Porto, Ana Luísa Ribeiro Barata do Amaral nasceu em Lisboa, na Maternidade Alfredo da Costa, a 5 de abril de 1956.
Com nove anos de idade deixou Sintra e foi viver para Leça da Palmeira.
Em 1985 realizou provas de aptidão pedagógica e capacidade científica na especialidade de Literatura Inglesa. Novamente na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1996, defendeu provas de doutoramento na especialidade de Literatura Norte-Americana, tendo sido aprovada com distinção e louvor. A tese que apresentou intitula-se Emily Dickinson: uma poética de excesso.
Durante a década de 80 deslocou-se pontualmente a Inglaterra. Viveu nos Estados Unidos da América entre 1991 e 1992.
A sua obra, povoada de referências a viagens e lugares, está representada em várias antologias, nacionais e estrangeiras, e traduzida em diversas línguas.
Escreveu os livros infantis Gaspar, o Dedo Diferente e Outras Histórias (1.ª edição de 1999, edição revista de 2011), A História da Aranha Leopoldina (2000), A Relíquia (2008), Auto de Mofina Mendes a partir da peça de Gil Vicente (2008), A Tempestade (2011, que integra o plano nacional de leitura), Como Tu (2012), acompanhado de um CD com música de António Pinho Vargas, piano de Álvaro Teixeira Lopes e vozes de Pedro Lamares, Rute Pimenta e Ana Luísa Amaral; integra o plano nacional de leitura) e Lenga-lenga de Lena, a Hiena (2016).
Publicou uma peça de teatro - Próspero Morreu (2011) e uma obra de ficção - Ara, Sextante (2013).
Fez traduções de poemas de Xanana Gusmão, Eunice de Souza, John Updike, Emily Dickinson, de sonetos de Shakespeare e da obra Carol de Patricia Highsmith.
Ana Luísa Amaral foi também coautora do Dicionário de Crítica Feminista (2005) e coordenadora da edição anotada de Novas Cartas Portuguesas (2010).
Em 2007 foi-lhe atribuído o Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes d'Escritas, com o livro A Génese do Amor e foi galardoada em Itália com o Prémio de Poesia Giuseppe Acerbi. Em 2008, o seu livro Entre Dois Rios e Outras Noites alcançou o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores. Venceu ainda o Prémio de Poesia António Gedeão com a obra Vozes (em 2010), o Prémio Narrativa PEN CLUB com Ara (2014) e a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Matosinhos, por serviços prestados à literatura (2015). Foi finalista do Prémio Portugal Telecom com A génese do Amor (2008) e Vozes (2014) e proposta para o Prémio Rainha Sofia em 2013. Em 2018 o seu livro Arder a palavra e outros incêndios foi um dos vencedores do Prémio de Ensaio Jacinto Prado Coelho, da Associação Portuguesa dos Críticos Literários e recebeu também o Premio Internazionale Fondazione Roma: Ritratti di Poesia. Em julho 2020 foi distinguida com o Prémio Literário Guerra Junqueiro (4.ª edição), entregue no âmbito da FFIL – Freixo Festival Internacional de Literatura 2020. Em 2021 alcançou o XXX Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, concedido pelo Património Nacional Espanhol e pela Universidade de Salamanca.
Ana Luísa Amaral foi membro do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa.
(Em atualização)