Covid-19: Mobiliário quer apoios "céleres" e adaptados aos mercados de exportação
Porto Canal com Lusa
Redação, 20 jan 2021 (Lusa) -- O setor português de mobiliário "compreende e apoia" o endurecimento das medidas de combate à pandemia, mas defende "apoios céleres e simples" que tenham também em conta a evolução nos principais destinos de exportação do setor.
Num comunicado enviado à agência Lusa, a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA) afirma-se "satisfeita por o novo confinamento prever a continuidade da atividade da indústria", mas destaca "o impacto a curto e médio prazo do encerramento do comércio".
"As atividades de atendimento ao público são as impactadas mais diretamente, pelo que a APIMA demonstra a preocupação com o comércio de mobiliário, iluminação, utilidades domésticas e demais produtos da fileira casa, apelando a que os apoios anunciados sejam céleres e simples no acesso às empresas", refere.
Sendo este um 'cluster' marcadamente industrial, a maioria das empresas integrantes da fileira manterá a laboração, mesmo que sujeita a planos de contingência e de segurança, mas a associação antecipa que "o período de confinamento agora decretado, a que se somam as medidas de restrição em alguns dos principais mercados internacionais (França, Espanha, Alemanha e Reino Unido, por ordem de relevância), provocarão uma significativa quebra de encomendas a breve trecho".
Algo que, salienta, "terá de ser devidamente acautelado e protegido".
"Este é um 'cluster' com uma enorme vocação internacional, exportando cerca de 90% da produção. Neste sentido, é fundamental que as medidas de apoio sejam calculadas e direcionadas não apenas com base nos constrangimentos e circunstâncias internas, mas também na evolução dos principais destinos de exportação, alguns deles a atravessarem, igualmente, períodos de intensa proliferação de novos casos", sublinha.
De acordo com a APIMA, desde junho de 2020 que o 'cluster' do mobiliário e afins tem vindo a percorrer uma trajetória de recuperação: "Após a brutal queda das exportações em abril (75%) e maio (52%), face ao período homólogo, o volume de bens exportados tem vindo a crescer de forma contínua", recorda.
De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em novembro de 2020 os setores que constituem a fileira exportaram 155 milhões de euros, o que representa uma subida de 1% face a igual período de 2019.
No acumulado anual - "tremendamente afetado pelos meses acima de abril e maio", conforme nota a associação - a queda é de 15%, com 1.460 milhões de euros em vendas entre janeiro e novembro de 2020.
Em dezembro, face ao volume de encomendas registadas, a expectativa da APIMA é de um novo crescimento, que será, contudo, "inevitavelmente arrefecido" pelas novas medidas de mitigação decorrentes do evoluir da pandemia de covid-19.
Relativamente às medidas de apoio às empresas apresentadas pelo Governo no âmbito do novo confinamento, a APIMA aplaude o regresso do 'lay-off' simplificado, a isenção de imposto de selo nos seguros de créditos à exportação e a reabertura das linhas de crédito com garantia de Estado.
Contudo, avisa, "o sucesso destes mecanismos reside na celeridade e proficuidade com que chegarão às empresas, evitando-se os atrasos e equívocos registados no ano transato".
No comunicado enviado à Lusa, a direção da associação exorta ainda "todas as empresas e população em geral a cumprirem exemplarmente as regras relativas a este novo confinamento, permitindo estancar a crescente perda de vidas humanas".
"Um agravamento das medidas restritivas, como um confinamento geral, teria consequências absolutamente desastrosas para este 'cluster' e para toda a economia", conclui.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.058.226 mortos resultantes de mais de 96,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.246 pessoas dos 566.958 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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