Decisão sobre saída de Portugal do programa em "Março ou Abril" -- presidente Eurogrupo
Porto Canal
O presidente do Eurogrupo afirmou hoje, em Bruxelas, que uma decisão sobre a saída de Portugal do programa de ajustamento só deverá ser tomada "em março ou abril", defendendo uma "conclusão conjunta" entre a zona euro o Governo português.
"Diria que é demasiado cedo para dizer (como se deve concretizar a conclusão do programa). Quero ver todos os números. Vai haver uma nova revisão (do programa), a 11.ª revisão, antes de termos de tomar uma decisão. Por isso, vamos utilizar o tempo que temos, trabalhar de forma estreita com o Governo português, para podermos chegar a uma conclusão conjunta", declarou Jeroen Dijsselbloem, à chegada para uma reunião dos ministros das Finanças da zona euro.
O presidente do Eurogrupo reiterou que ainda é demasiado cedo para decidir se Portugal deve optar por uma "saída limpa" - como a Irlanda - ou com recurso a uma linha cautelar.
"Trataremos dessa decisão mais tarde, em março ou abril, tendo em conta também os últimos desenvolvimentos, (designadamente) o acesso aos mercados, os últimos progressos feitos em Portugal, e iremos então decidir. E claro que a posição que o próprio Governo português tomar é muito importante", sublinhou.
Dijsselbloem insistiu que uma decisão final sobre a melhor forma de Portugal sair do programa de ajustamento - o que está previsto para finais de maio - e regressar aos mercados deve ser influenciada pelos "dados mais recentes" que estiverem disponíveis e sempre em estreita cooperação entre o Eurogrupo e as autoridades nacionais, tal como sucedeu no caso da Irlanda, que terminou o respetivo programa em dezembro de 2013.
"Essa seria essa a minha forma preferida, foi assim basicamente que aconteceu com a Irlanda, e resultou muito bem: em estreita cooperação, chegámos a uma decisão atempada", disse, embora ressalvando que a conclusão pode não ser a mesma, já que são "processos diferentes", razão pela qual o facto de Dublin ter decidido sair do programa sem qualquer apoio não é necessariamente um precedente para Portugal.
Jeroen Dijsselbloem falava à chegada para uma reunião do fórum de ministros das Finanças da zona euro - com início agendado para as 15:00 locais (14:00 de Lisboa) -, na qual será discutida a implementação do programa de ajustamento em Portugal, mas ainda não a estratégia de saída.
Um alto responsável do Eurogrupo já indicara na semana passada que, na reunião de hoje, a primeira de 2014, haverá uma análise das principais conclusões da revisão do programa português, concluída em dezembro, e uma exposição da ministra Maria Luís Albuquerque sobre as medidas compensatórias encontradas pelo Governo como resposta ao chumbo do Tribunal Constitucional à convergência de pensões.
A mesma fonte indicou que os ministros das Finanças da zona euro ainda não abordarão a saída de Portugal do programa de assistência na reunião de hoje, assistindo, para já, com satisfação às reações dos mercados, com a descida consistente dos juros da dívida.