Meio milhar em Lisboa a pedir a primeiro-ministro que suspenda encerramento dos ENVC
Porto Canal / Agências
Viana do Castelo, 17 dez (Lusa) - Cerca de 500 pessoas de Viana do Castelo, na sua maioria trabalhadores dos estaleiros navais, rumam a Lisboa, na quarta-feira, para um protesto junto à residência oficial do primeiro-ministro, reclamando a suspensão do encerramento da empresa.
Segundo informações avançadas hoje à agência Lusa pelo porta-voz da comissão de trabalhadores, o protesto está agendado para as 15:30, junto ao Palácio de São Bento, e o transporte dos manifestantes para Lisboa será feito em dez autocarros, cedidos pela Câmara de Viana do Castelo.
Na partida junto aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), pelas 07:45, são esperadas cerca de 500 pessoas, nomeadamente 430 trabalhadores e os restantes antigos funcionários da empresa, indicou ainda António Costa.
O protesto junto à residência oficial do primeiro-ministro envolve um desfile dos trabalhadores em Lisboa e conta com o apoio da CGTP.
Desde junho de 2011 será o oitavo protesto de rua dos trabalhadores dos ENVC, o terceiro realizado em Lisboa.
Esta nova "ação de luta", explicam os trabalhadores, pretende reclamar a suspensão do processo de subconcessão - acompanhado do encerramento da empresa -, e a avocação do dossiê por Pedro Passos Coelho.
"Como é que o senhor primeiro-ministro está preocupado com o desemprego, quando tem alguém na sua equipa [ministro da Defesa] que só quer fazer um despedimento coletivo? Nós não queremos indemnizações, queremos trabalho", afirma o porta-voz da comissão de trabalhadores dos ENVC.
"Queremos trabalho, não queremos desemprego. Vamos dizer isso ao senhor primeiro-ministro", insiste António Costa, lançando, uma vez mais, o apelo a Passos Coelho: "O senhor primeiro-ministro tem uma solução: tirar o processo das mãos do ministro da Defesa, que não está bem. Está muito intranquilo e com falta de transparência neste processo".
Os trabalhadores reclamam a reestruturação da empresa e um investimento na sua modernização, bem como o arranque da construção de dois asfalteiros para a Venezuela, uma encomenda de 128 milhões de euros feita em 2010.
O autarca socialista de Viana do Castelo já justificou o apoio logístico do município a esta manifestação, garantindo o transporte, por considerar tratar-se de uma ação "legítima e justa" dos trabalhadores.
"Esta luta é pela dignidade e pelo direito ao trabalho daqueles que ao longo dos últimos 69 anos ajudaram a construir uma empresa de referência da construção naval nacional", disse à agência Lusa José Maria Costa.
O grupo Martifer anunciou que vai assumir em janeiro a subconcessão dos terrenos, infraestruturas e equipamentos dos ENVC, pagando ao Estado uma renda anual de 415 mil euros, até 2031, conforme concurso público internacional que venceu.
A nova empresa West Sea deverá recrutar 400 dos atuais 609 trabalhadores, que estão a ser convidados a aderir a um plano de rescisões amigáveis, que vai custar 30,1 milhões de euros.
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