Rajoy diz que o que resta à ETA é pedir perdão e desaparecer

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Porto Canal com Lusa

Bilbau, Espanha, 15 jul (Lusa) -- O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, disse hoje, quando se assinalam 20 anos sobre o homicídio do político do Partido Popular (PP) Miguel Ángel Blanco, que o que resta à ETA é "pedir perdão às vítimas e desaparecer".

Rajoy participou na abertura da Escola Miguel Ángel Blanco, organizada pelas Novas Gerações do PP, em homenagem à memória do membro do Governo municipal de Ermua, uma localidade no País Basco, eleito pelo PP.

Há 20 anos, Miguel Ángel Blanco foi assassinado pela organização terrorista ETA e foi hoje homenageado por Rajoy, que o considerou um símbolo da luta pela liberdade e de todas as vítimas do terrorismo, adiantou a agência EFE.

Mariano Rajoy disse que o que a sociedade espera da ETA é que "assuma o mal que fez, reconheça que nunca teve sentido, peça perdão às vítimas e desapareça".

À homenagem assistiram outros membros do Governo espanhol, como o ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido, e membros do PP, entre os quais Mari Mar Blanco, a irmã de Miguel Ángel Blanco, deputada do PP.

Rajoy salientou que os democratas têm o discurso da liberdade e da democracia, em oposição ao discurso da ameaça e do terror.

O jovem deputado regional foi raptado há 20 anos, em 10 de julho de 1997, pela organização separatista armada basca, que deu ao Governo espanhol 48 horas para reagrupar todos os prisioneiros da ETA em prisões no País Basco.

O executivo nacional, que na altura era presidido por José Maria Aznar (Partido Popular, direita), recusou ceder à "chantagem".

Milhões de pessoas em todo o país reclamaram então a libertação de Ángel Blanco e em seguida continuaram a protestar contra a sua morte.

No País Basco, Comunidade Autónoma com cerca de dois milhões de habitantes, mais de meio milhão de pessoas juntaram-se em Bilbau quatro horas antes do limite estabelecido pela ETA.

O homicídio motivou uma mudança de opinião sobre a organização armada, principalmente no País Basco, onde os opositores à ETA não se manifestavam publicamente por recearem represálias.

A ETA acabou por matar com duas balas na cabeça Miguel Ángel Blanco, antes de abandonar o seu corpo num terreno, tendo a sua morte sido anunciada em 13 de julho de 1997.

Estes acontecimentos marcaram uma alteração da política do Governo espanhol, que passou a privilegiar uma estratégia de eliminação da ETA, não só do ponto de vista da luta armada, como também da sua intervenção política.

As cerimónias que esta última semana relembraram as vítimas do terrorismo em Espanha e que também assinalam os 20 anos da morte de Miguel Ángel Blanco foram marcadas por uma divisão entre a esquerda e a direita, com a esquerda a preferir centrar-se no conjunto das vítimas e a direita a insistir em destacar a morte do autarca de Ermua.

A presidente da Câmara Municipal de Madrid, Manuela Carmena (eleita pela extrema-esquerda), recusou autorizar a colocação de um cartaz na autarquia, a recordar o assassinato de Ángel Blanco.

Carmena afirmou que condena qualquer atentado terrorista, mas insiste que não se deve distinguir uma vítima em relação a outra.

A ETA foi criada em 1959, durante a época da ditadura franquista e renunciou à luta armada em 2011, depois de mais de 40 anos de atos de violência em nome da independência do País Basco e de Navarra.

Em 08 de abril último anunciou o seu desarmamento e entregou à justiça francesa a lista daqueles que garante serem os seus últimos depósitos secretos de armas.

Há ainda em prisões espanholas e francesas cerca de 330 presos da ETA, que ainda têm de chegar a um acordo sobre a dissolução definitiva da organização.

IMA (FPB) // CSJ

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