Exames: Escola de Santo Tirso humaniza relações e sobe no 'ranking'
Porto Canal / Agências
Santo Tirso, 09 nov (Lusa) -- A "humanização das relações" explica a subida de 268 lugares da Escola Secundária Tomaz Pelayo, de Santo Tirso, no 'ranking' realizado com dados do Ministério da Educação, mas "há muito a fazer" porque a média, 9,87%, continua negativa, afirmam os responsáveis.
"Escolhi esta escola porque me falaram muito bem. Falaram bem do apoio dado pelos professores", contou à agência Lusa, Joana Ribeiro, 17 anos, aluna do 12.º ano da Tomaz Pelayo.
Joana quer seguir Medicina Dentária e tem, atualmente, média superior a 17 valores. Não raras vezes aproveita a disponibilidade dos professores para tirar dúvidas por email. Aliás, esta prática é frequente. A professora de Matemática, Emília Oliveira, diz que recebe emails de alunos à noite e mesmo ao fim de semana.
Por sua vez, Mariana Moreira, 16 anos, que também frequenta o 12.º ano conta que quando escolheu a escola o fez baseada nas "muitas aulas de apoio para os exames e salas de estudo existentes". A Mariana quer seguir Engenharia Química até porque, com média de 15, admite que o seu "forte" são "as matemáticas e físicas e nada o português".
A Escola Tomaz Pelayo subiu 268 lugares no 'ranking' elaborado pela agência Lusa com base em dados do Ministério da Educação e Ciência. Passou do 406º para o 138º lugar. Esta subida é motivo de "orgulho" para a direção que, no entanto, prefere não "exagerar no entusiasmo" porque "há muito a fazer ainda".
Questionado sobre as razões para esta subida, o diretor do Agrupamento, Fernando Almeida, fala em "humanização das relações", fruto do "empenho" dos alunos e até de "um certo voluntarismo" dos docentes e funcionários.
"Temos até alunos oriundos outros concelhos como Trofa, Famalicão, Lousada, Paços de Ferreira e Vizela, que nos preferem. O importante é que há aqui um trabalho consistente e estruturante que abarca todos os ciclos", referiu.
E com "estruturante", o diretor refere-se uma linha orientadora da escola: "é privilegiada a continuidade do professor". Fernando Almeida indicou que "a esmagadora maioria pertence ao quadro", equivalendo a uma percentagem "acima dos 80%" que se reflete na "estabilidade do corpo docente".
A aposta em "professores com muita experiência na lecionação dos programas", que "trabalham ao nível da correção dos exames nacionais" e ainda, sobretudo na Matemática e no Português, fazem parte de "grupos de supervisão a nível nacional para aferição de critérios uniformes", foram outros fatores destacados.
Já Emília Oliveira, docente de Matemática há 24 anos, 20 dos quais na Tomaz Pelayo, descreve cronologicamente esta escola dividindo-a em duas fases: "uma primeira difícil antes da estruturação", e uma segunda fase com a entrada de alunos "mais ambiciosos".
"Tivemos alunos que não tinham o objetivo de prosseguir estudos, queriam apenas fazer a escolaridade obrigatória ou completar um secundário. Mas a melhoria das instalações atraiu muito. Passamos a ter alunos que querem ter boas notas para prosseguir no ensino superior", contou Emília Pereira.
As obras a que a docente se refere fazem parte do programa da Parque Escolar, uma aposta do Governo socialista de José Sócrates. A inauguração da "nova" Tomaz Pelayo -- "emblemática" no concelho pois trata-se da antiga "Escola Industrial e Comercial" -- teve lugar em abril de 2011.
"É verdade que as instalações também ajudam. Com a requalificação passamos a dispor de condições ímpares. Em cada três salas, duas têm videoprojetor e uma tem quadro interativo", descreveu Fernando Almeida.
As disciplinas que mais se destacam na Tomaz Pelayo, estando acima da média nacional são, de acordo os responsáveis, a Matemática, a Economia e a Filosofia. Preocupa, "ainda circunstancialmente", a História. Mas, ainda assim, a média nesta escola mantém-se negativa. É de 9,87%.
O diretor do agrupamento atira para dois lados: as dificuldades crescentes das famílias num concelho "muito fustigado pelo desemprego" e a necessidade de acertar melhor a avaliação interna e a externa para que "haja uma harmonia entre o quotidiano da escola e aquilo que é pedido no exame nacional".
"Numa escola pública não há seletividade social e ainda bem porque essa é a essência da escola pública. Só em 2.º e 3. º ciclos e secundário, este ano já dei mais de 700 despachos de ação social escolar. Se temos mais famílias que passam a estar enquadradas na bitola da ação escolar é porque se degradam as condições e a escola é o primeiro reflexo da sociedade", concluiu o diretor.
PYT // NS
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