FMI pede 'mão forte' a Bruxelas contra países que não cumprem regras europeias

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 08 jul (Lusa) -- O Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu hoje que a Comissão Europeia deve ser mais forte contra os países que não cumprem as regras orçamentais, como Portugal e Espanha, para garantir disciplina nas contas públicas.

"Para garantir disciplina orçamental, a Comissão Europeia vai precisar de reforçar os procedimentos contra os países que violam as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC)", defendeu o FMI no relatório sobre a zona euro, divulgado hoje no âmbito do artigo IV.

No documento, a instituição liderada por Christine Lagarde lembra que o cumprimento do PEC tem sido fraco nos últimos anos, uma vez que os países "recusam cumprir compromissos e pedem mais tempo para alcançar as metas orçamentais".

O FMI lembra o caso de Portugal e de Espanha, países a que a Comissão Europeia decidiu dar mais tempo para corrigir os seus défices excessivos, por não terem feito os esforços suficientes para atingir as metas estabelecidas, abrindo caminho a sanções, nunca antes aplicadas.

Na terça-feira, o Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) vai pronunciar-se sobre os processos de sanções a Portugal e Espanha devido aos défices excessivos.

O Fundo dá também os exemplos de França, que conseguiu mais um ano -- 2017 -- para sair do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), e de Itália, que, "apesar de ter um nível de dívida pública superior ao valor de referência previsto no PEC, considerou-se que cumpria os critérios e permanece fora do procedimento".

É nesse sentido que a instituição sediada em Washington considera que, "para restaurar a credibilidade e construir apoio para mais integração europeia, o enquadramento orçamental precisa de ser melhorado".

Para o FMI, essa melhoria poderia ser feita com 'mão forte' de Bruxelas, mas também através de "regras mais simples, com mais automatismos, e com um conselho orçamental independente".

Em resposta, as autoridades europeias reconhecem, também no relatório do Fundo, que "a aplicação transparente e consistente do PEC é crucial para manter a confiança no enquadramento orçamental" da zona euro.

O Fundo pede o reforço do modelo de governação económica para incentivar as reformas estruturais, defendendo que a abertura de novos procedimentos por desequilíbrios excessivos contra "países reincidentes" levaria "a um maior cumprimento das regras e a construir credibilidade.

"Uma aplicação mais forte do enquadramento atual -- incluindo a abertura de Procedimentos por Desequilíbrios Macroeconómicos -, aumentaria o cumprimento das regras e criaria credibilidade", defende.

Por sua vez, Bruxelas responde ao FMI que "abrir um novo procedimento por desequilíbrios excessivos seria politicamente controverso" e lembra que monitoriza a implementação de reformas nos países que têm desequilíbrios excessivos contínuos, "criando pressão dos pares e levando a ação".

Em março, a Comissão Europeia avaliou os desequilíbrios macroeconómicos de Portugal (bem como da Bulgária, Croácia, França e Itália) como "excessivos", o que implica que haverá uma "monitorização específica do país", no âmbito do Semestre Europeu.

SP (ACC) // CSJ

Lusa/fim

+ notícias: Política

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".

Austeridade: programa de rescisões poderá conter medida inconstitucional - jurista

Redação, 06 mai (Lusa) - O especialista em direito laboral Tiago Cortes disse hoje à Lusa que a constitucionalidade da medida que prevê a proibição do trabalhador do Estado que rescinde por mútuo acordo voltar a trabalhar na função Pública poderá estar em causa.