BE acusa Governo de "ilusionismo"
Porto Canal
O Bloco de Esquerda (BE) acusou hoje o Governo de "ilusionismo" na apresentação dos resultados da mais recente avaliação da 'troika', com o primeiro-ministro a pedir "propostas concretas" do partido sem custos para a economia do país.
"Assistimos ontem e hoje a um número de ilusionismo que julgo que vai iludir poucas pessoas", disse Catarina Martins, com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a refutar a acusação.
A troca de argumentos entre o partido e o Governo deu-se durante o debate quinzenal no Parlamento, dedicado ao tema da 8.ª e 9.ª avaliações da 'troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) sobre o Programa de Assistência Económica e Financeira de Portugal.
No debate, a coordenadora do BE deu o exemplo de uma carta que recebeu de um casal de pensionistas - a esposa do setor público, o marido do privado - que no global "vive com 900 euros por mês".
"Um casal que vive com 900 euros por mês não é privilegiado, não pode ter a pensão cortada", declarou a bloquista.
Na resposta, o primeiro-ministro disse que "ilusionismo é repetidamente acusar o Governo de ir às pensões e não dizer que 97% dos pensionistas estão excluídos de qualquer perda de rendimento nas pensões".
O BE apontou também baterias à dívida de Portugal: "Há um elefante no meio da sala. E chama-se dívida. Uma dívida que é impagável. (...) Para uma dívida que não é pagável, isso tem uma palavra: sadismo. É essa a política do Governo", reclamou Catarina Martins.
Pedro Passos Coelho refutou a acusação de sadismo e disse ainda que o Governo "não entende que a dívida seja impagável, ou seja insustentável".
O governante pediu ao BE "propostas concretas" para "Portugal fechar" o programa de resgate "sem custos para a economia e sem custos para o setor público".
"Digo-lhe com toda a sinceridade: seria o primeiro interessado em conhecer essas propostas", disse Pedro Passos Coelho a Catarina Martins.