Divisões na Europa por causa dos refugiados cada vez mais visíveis

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Porto Canal com Lusa

Viena, 10 set (Lusa) -- Os europeus continuaram hoje a exibir as suas divisões a propósito dos refugiados, com vários países a oporem-se frontalmente à posição alemã de acolhimento "generoso" destas pessoas, cujo número continua a subir nas estradas da Europa.

No dia seguinte a um apelo vibrante do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, à "audácia" e à "humanidade" dos membros da União Europeia (UE), os sinais de tensão, pelo contrário, multiplicaram-se, na Hungria, Roménia e Eslováquia, mas também na Dinamarca, Áustria e Macedónia.

O fluxo permanente de refugiados, iniciado frequentemente na Síria ou no Iraque, está longe de se estancar: números recorde de travessias foram registados hoje entre a Sérvia e a Hungria, bem como a fronteira com a Áustria.

Esta última decidiu suspender sem prezo as ligações ferroviárias com a Hungria devido aos "congestionamentos massivos" da sua rede perante o afluxo de refugiados desejosos de chegarem à Alemanha.

A política de Budapeste, que se prepara para recorrer ao exército para fechar hermeticamente a sua fronteira com a Sérvia, pressiona os candidatos ao asilo a acelerar a sua marcha através dos Balcãs com medo de se atrasarem.

Presos húngaros foram mobilizados para acelerarem a conclusão de uma vedação de arame farpado destinada a interromper o fluxo que o governo pretende acabar definitivamente em 15 de setembro.

Na sua recusa da política de acolhimento desejada por Angela Merkel, à qual a França acabou por se juntar, a Hungria foi acompanhada por vários Estados vizinhos.

O Presidente romeno, Klaus Iohannis, declarou-se publicamente oposto ao sistema de quotas proposto por Juncker para repartir a partir da próxima semana 160 mil refugiados já presentes no solo europeu.

O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, é da mesma opinião: "Quando a Alemanha ou a França dizem qualquer coisa, não nos devemos prostrar e repetir a mesma coisa".

A Macedónia, por sua parte, deseja seguir o exemplo das Hungria e erigir um obstáculo na sua fronteira para reduzir o fluxo de refugiados em trânsito, provenientes na sua maioria da Grécia.

Sinal da tensão crescente com Berlim, está previsto em encontro na sexta-feira em Praga entre os chefes das diplomacias dos países do Grupo de Visegrado (Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria) e os seus homólogos alemão e luxemburguês, cujo país ocupa a presidência rotativa da UE.

Mas estes não são os únicos países a exprimirem o seu desacordo, com, por exemplo, a Dinamarca a procurar bloquear o trânsito de refugiados para a Suécia, onde, pelo contrário, os refugiados são bem recebidos.

Também a Irlanda manifestou a sua solidariedade ao aceitar receber dois mil refugiados, apesar de dispor de uma cláusula de isenção neste assunto.

Os deputados europeus aprovaram, por uma grande maioria, as medidas de urgência propostas na véspera por Juncker e denunciaram "uma falta de solidariedade lamentável dos governos face aos candidatos a asilo".

Exemplo de uma política de acolhimento muito larga, a Alemanha anunciou ter registado 450 mil refugiados desde o início do ano, dos quais 37 mil só na primeira semana de setembro.

A Alemanha pretende acolher 800 mil solicitadores de asilo em 2015, o que representa quatro vezes mais do que em 2014.

RN // JPS

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