Clientes exigem em Coimbra devolução do dinheiro investido em papel comercial

| Política
Porto Canal / Agências

Coimbra, 19 fev (Lusa) - "Gatunos", "caloteiros" e "queremos o nosso dinheiro", gritaram mais de cem pessoas nas instalações do Novo Banco, na Baixa de Coimbra, exigindo a devolução do dinheiro investido em papel comercial, subscrito aos balcões do Banco Espírito Santo (BES).

Das mais de cem pessoas presentes na concentração, que se iniciou junto da delegação do Banco de Portugal em Coimbra, cerca de cinquenta invadiram as instalações do Novo Banco, por volta das 11:30, sem qualquer intervenção da polícia ou do segurança privado presente.

Empunhando cartazes com frases de reivindicação, em que se destacavam dois alvos - Stock da Cunha, presidente do Novo Banco, e Carlos Costa, presidente do Banco de Portugal -, os clientes lesados pela venda de papel comercial gritaram várias vezes frases de revolta, dentro do banco.

Os lesados, muitos deles com mais de 65 anos, que perderam "poupanças de uma vida", falaram à agência Lusa de um sentimento de "angústia", "revolta", "impotência" e "frustração".

"Há muita contradição entre o que o Banco de Portugal disse em agosto e o que diz agora. Antes era um mar de rosas e agora somos descartáveis", protestou Jorge Pires, de Minde, distrito de Santarém, afirmando que o papel comercial "foi vendido como depósito a prazo".

O lesado, que quer acima de tudo reaver "as poupanças" da sua mãe, garante que vai "lutar até ao fim".

Ainda na concentração perto do Banco de Portugal, Fernando Fernandes, do Porto, exaltado, afirmava que tinha sido enganado, criticando, de quando em quando, Stock da Cunha e Carlos Costa, como principais responsáveis pela sua situação.

"São 40 anos de poupança", sublinhou, referindo que está "quase a entrar em insolvência" e em risco de "perder tudo".

O empresário de 69 anos frisou que"isto é a loucura total. Pensam que as pessoas são paus mandados? Somos pessoas de bem, até um dia?".

Em voz alta, assegurou que os lesados "vão para a luta" e que estão "prontos para partir tudo".

Nuno Marcos, de 51 anos, referiu que esta situação, juntamente com outros problemas, levou a que tivesse de fechar a sua empresa.

"Estou inativo, tenho dois filhos, um ainda a estudar, e não tenho nada", desabafou.

A família de Inês Castro, de 38 anos, empresária de Leça da Palmeira, é triplamente afetada.

Perdeu as poupanças do filho de oito anos, dos pais, octogenários, e "o fundo de maneio" da sua empresa.

"Para mim, desde que haja saúde e trabalho consigo, mas para os meus pais é mais difícil", salientou, dizendo que no BES sempre lhe disseram que "não havia risco".

Na empresa, depois de perder cerca de 100 mil euros na compra de papel comercial, está a "tentar exportar", para colmatar essa perda, apesar de ter "mais dificuldades em investir".

"É muito revoltante este engano, esta fraude. Perdi o dinheiro de mais de 16 anos de trabalho de segunda-feira a domingo, 12 horas por dia. Dei muito da minha vida àquela empresa e agora perdi tudo", contou.

Às 13:15, alguns dos lesados ainda se encontravam dentro das instalações do Novo Banco.

JYGA// ATR

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