Vila Nova de Gaia, 20 out (Lusa) - O presidente da câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, defendeu hoje que veria com "melhores olhos uma solução mista" para uma candidatura à concessão da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) do que um consórcio de municípios.

"Eu, no limite, veria com melhores olhos uma solução mista [junta municípios e privados], porque tenho muita dificuldade em ver os municípios a assumirem. Mas está tudo em cima da mesa e há um grande espirito de diálogo", declarou.

O autarca falava aos jornalistas à margem de uma reunião pública de câmara, na qual revelou ter almoçado com os presidentes das autarquias de Matosinhos e do Porto, os independentes Guilherme Pinto e Rui Moreira, respectivamente, que constituem a Frente Atlântica.

Vítor Rodrigues disse ter "expetativa" de que esta semana surgirá uma "posição articulada" de vários municípios relativamente ao concurso dos STCP, mas admitiu que isso pode não significar que todos estarão de acordo.

"Julgo que sim, que poderemos vir a ter uma posição [conjunta], mesmo que uma posição articulada possa não querer dizer que estamos todos de acordo", referiu.

O autarca socialista considerou que o novo caderno de encargos feito pelo Governo sobre a concessão dos STCP "não evoluiu para melhor" e destacou que no centro das preocupações dos três municípios está, além do serviço público e da integração de bilhética, "garantir que o Porto seja ressarcido do efeito monopólio".

Esta questão surge depois de Rui Moreira ter protagonizado a ideia dos municípios avançarem com uma candidatura à subconcessão dos STCP, tendo Vítor Rodrigues considerado a ideia como "ousada".

Hoje, o autarca de Gaia reafirmou achar essa solução "difícil" até que lhe provem que é "tecnicamente viável", mas destacou existir "solidariedade" com o Porto no que se refere à sua situação de "monopólio".

Este tema surgiu na reunião de hoje por iniciativa do vereador do PSD, Firmino Pereira, que no período antes da ordem do dia referiu que "é de lamentar a falta de cuidado na preparação de um concurso desta natureza", avançando que se pode "dar como adquirido que dificilmente terão a adjudicação das subconcessões dos STCP e Metro do Porto até ao final do ano".

O social-democrata manifestou dúvidas sobre a Metro do Porto terá um operador até ao a partir de janeiro do próximo ano e questionou: "Que diligências tomará a administração da Metro para não afetar a operação do Metropolitano do Porto?".

À margem da reunião, a questão do concurso da Metro do Porto estar "em risco", uma vez que ainda decorre a discussão sobre a subconcessão dos STCP, tratando-se de um concurso conjunto, também foi levantada por Vítor Rodrigues.

"Já percebemos que para termos a funcionar o Metro [o atual contrato termina a 31 de dezembro], vamos ter de ter o Governo a negociar com a ViaPorto. Essa negociação não vai ser simples. Existe contencioso negocial entre eles. Tenho a impressão que se para uns o atraso pode correr mal, para outros corre bem", referiu Vítor Rodrigues.

O socialista criticou o Governo, por este não ter "amadurecido o assunto STCP por mais tempo com os autarcas", avançando "paralelamente" com o concurso da Metro do Porto.

"Vamos estar cá todos para ver quanto vai custar ao país o espaço entre 01 de janeiro e a assinatura de um novo contrato na Metro (...). Vai acontecer uma negociação mas uma negociação perversa", concluiu.

PYT // ARA

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