Referendo italiano "não se pode comparar" ao 'brexit' - governador Banco de França
Porto Canal com Lusa
Tóquio, 05 dez (Lusa) -- O governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau, relativizou hoje o referendo que rejeitou a reforma constitucional em Itália, afirmando que tal "não se pode comparar" à decisão dos britânicos de sair da União Europeia ('brexit').
"Em 2016, o mundo em geral e a Europa em particular, conheceram um período de fortes incertezas: as incertezas ligadas à nossa segurança, com a ameaça de ataques terroristas; as incertezas políticas com o 'brexit' e, mais recentemente, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos", afirmou num discurso em Tóquio.
"O referendo em Itália [no domingo] pode ser considerado como outra fonte de incerteza. No entanto, não pode ser comparado ao referendo britânico: os italianos foram chamados às urnas para se pronunciarem sobre um assunto constitucional interno, e não sobre a permanência de longa data da Itália na UE", afirmou Villeroy de Galhau, que se disse "atento às repercussões" do voto que fez cair o chefe do Governo italiano, Matteo Renzi.
O governador do Banco de França falou durante um fórum em Tóquio organizado pela Paris Europlace, uma organização que promove o mercado financeiro de Paris.
Os italianos votaram em referendo no domingo uma reforma constitucional que visava reduzir o poder do Senado e aumentar a estabilidade política, mas que se transformou num plebiscito ao primeiro-ministro, Matteo Renzi.
A derrota de Renzi no referendo pode ter um importante impacto económico, como sugerem a repetida subida das taxas de juro da dívida soberana das últimas semanas e a preocupação crescente com os créditos de cobrança duvidosa que ensombram a banca italiana. Pode também reforçar a posição de partidos populistas como a Liga do Norte e o M5E, que defendem um referendo sobre a permanência de Itália no euro.
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