Incêndios: Área queimada no noroeste subiu desde 1975, na Galiza diminuiu
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 12 ago (Lusa) - A área queimada do noroeste de Portugal aumentou, entre 1975 e 2014, enquanto na Galiza diminuiu, indicou hoje um investigador do Instituto Superior de Agronomia, situação que justifica com a densidade populacional, a meteorologia e os comportamentos das populações.
Na Galiza, "há uma tendência estatisticamente significativa, clara, de diminuição da área queimada, entre 1975 e 2014, e no noroeste, desde o Porto, Resende, até Arcos de Valdevez, na diagonal, há a tendência precisamente oposta, nesse mesmo período, de aumento", disse à agência Lusa o investigador José Miguel Pereira.
"Há uma componente climática mais desfavorável para nós, mas tem de haver um efeito bastante importante de diferenças de comportamentos humanos e de uso da terra", defendeu o especialista.
José Miguel Pereira comentava a situação grave de incêndios florestais vivida em Portugal, que já destruiu mato, árvores, casas, além de ter provocado a morte de quatro pessoas, três delas na Madeira.
O investigador referiu existir "um contraste muito forte entre a densidade populacional no Minho, na área com os maiores problemas em Portugal, e na Galiza".
No noroeste português há uma dinâmica de paisagem com áreas urbanas a ficarem mais próximas e em coexistência com o espaço rural, criando "zonas de interface entre densidade populacional alta e muita vegetação, onde, com facilidade, qualquer ignição pode dar origem a um fogo mais difícil de controlar", explicou.
A meteorologia é um fator "um bocadinho diferente, nós temos com maior frequência estes episódios extremos de calor e secura do que na Galiza" e, "eventualmente, eles estarão mais organizados e serão mais eficazes no combate" aos fogos, apontou José Miguel Pereira.
Há ainda um padrão que contrasta do ponto de vista da geografia, com o rio Minho a demarcar uma fronteira clara, mas o investigador recordou que há dez anos a Galiza teve "um episódio brutal" de fogo, quando foi afetada por ventos de leste.
"Nós temos fogos mais frequentes, eles têm [incêndios] mais raros, mas quando acontecem são muito extremos e muito graves", resumiu.
Altas temperaturas e vento levaram a várias situações complicadas de incêndios nos últimos dias e, a meio da tarde de hoje, a Autoridade Nacional de Proteção Civil dava conta de sete grandes fogos florestais a ser combatidos no continente português, por mais de 1.500 operacionais, ao mesmo tempo que, na Madeira, havia ainda um foco ativo, que mobilizava mais de cem elementos.
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