PAR critica incompetência e incapacidade da UE em gerir acolhimento

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 05 nov (Lusa) -- O coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) criticou hoje a incompetência e a incapacidade da União Europeia em gerir o acolhimento dos refugiados, atribuindo os atrasos na sua recolocação à falta de vontade política de Estados-membros.

"É bom percebermos que a Europa vive não a crise dos refugiados, mas a crise da sua incompetência e da sua incapacidade de gerir este desafio que é o acolhimento humanitário de quem está a fugir à guerra", afirmou Rui Marques, à margem da sessão de apresentação e status da PAR Linha da Frente, que decorreu no Museu da Eletricidade, em Lisboa.

A decisão de Portugal acolher cerca de 4.500 pessoas, ao abrigo do Programa de Relocalização de Refugiados na União Europeia (UE), foi avançada em setembro passado e as organizações envolvidas neste processo criaram um plano de acolhimento, mas continuam sem saber a data da chegada do primeiro grupo.

Entretanto, na quarta-feira, uma fonte da Comissão Europeia disse à agência Lusa que os primeiros refugiados poderão chegar a Portugal na "próxima semana ou dentro de duas semanas".

"Desde há um mês que se diz que será em breve [a chegada de refugiados a Portugal]", mas "continuamos sem saber a data exata", disse Rui Marques, assegurando que Portugal está preparado para receber estas pessoas.

Nesta altura, há "capacidade instalada de 420 pessoas" e na segunda-feira serão assinados "mais 30 protocolos com instituições anfitriãs" que subirão essa capacidade para 650 pessoas, avançou o responsável.

Para Rui Marques, o que "é lamentável" é que ainda não tenha "começado efetivamente o programa de recolocação de refugiados, particularmente em Portugal".

O coordenador da PAR atribui este impasse "à falta de vontade política de Estados-membros e das instâncias europeias" e a "uma incompreensível incompetência de infraestruturas que têm recursos financeiros, humanos e técnicos".

Estas infraestruturas não têm "nenhuma razão para este nível de incompetência, a não ser uma manifesta evidência da falta de empenho político em resolver esta questão", frisou.

O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, também criticou os atrasos na distribuição dos refugiados, considerando que se devem a "uma desorientação da própria União Europeia".

Segundo Eugénio Fonseca esta situação vem confirmar o que tem vindo a dizer "nos últimos cinco anos", que a Europa tinha "perdido a sua vertente solidária que esteve na base da sua constituição".

"A nossa Europa tornou-se económica demais e esqueceu a dimensão humana", lamentou o presidente da Cáritas, que esteve recentemente de visita ao Líbano, onde estão cerca de dois milhões de refugiados e mais de 300 mil migrantes.

Eugénio Fonseca perguntou no Líbano qual era o conselho que lhe davam para poder ajudar os refugiados em Portugal.

"Disseram-me, recebam apenas aqueles que podem ajudar", contou.

"Eu acho que a Europa tem efetivamente de programar, mas levar tanto tempo a programar é que não. Muitas vezes pomo-nos a discutir questões que nem sequer são de ordem política, são muitas vezes de interesses de cada país e a Europa perdeu a dimensão solidária para a qual nasceu", rematou.

HN // CC

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