Soares insiste na liberdade de Sócrates
Porto Canal (JYL)
O antigo Presidente da República, Mário Soares, voltou nesta terça-feira a exigir a libertação imediata de José Sócrates, preso preventivamente em Évora desde 21 de Novembro do ano passado, acusado de crimes de fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais.
“José Sócrates continua na prisão, desde há quase seis meses, sem ter sido acusado e julgado (...) deve ser posto em liberdade quanto antes e com os devidos pedidos de desculpa”, escreveu Soares na habitual coluna de opinião no “Diário de Notícias”.
“O juiz Carlos Alexandre e o procurador Rosário Teixeira tentaram encontrar um motivo para que fosse julgado por qualquer acto que tenha praticado. Nunca o conseguiram. Daí que qualquer pessoa lúcida reconheça que deve ser posto em liberdade quanto antes e com os devidos pedidos de desculpa”, sublinhou.
O procurador Rosário Teixeira, responsável pela investigação do caso de José Barroca (administrador do Grupo Lena que está em prisão domiciliária desde finais de Abril), alegou que José Sócrates terá recebido ou beneficiado de um total de 17 milhões de euros com origem ilegal e com o intuito de o corromper.
José Sócrates, numa carta enviada na segunda-feira (27 de Abril) ao seu amigo e fundador do PS, António Campos, diz ser falso "que existisse especial proximidade" entre ele e o administrador do grupo Lena, Joaquim Barroca, com quem apenas se encontrou "uma meia dúzia de vezes na vida".
Entre 20015 e 2011, o antigo primeiro-ministro afirmou ainda ser a ser vítima do "abuso" das autoridades, que o prenderam e mantêm preso sem provas, só restando condená-lo, e negou ter cometido qualquer crime de corrupção envolvendo o grupo Lena.
"Quem imputa crimes sem fundamento, o que faz é ofender e insultar. Quem prende para investigar e usa a prisão como única prova não só nega a justiça democrática, mas coloca-a sob a horrível suspeita de funcionar como instrumento de perseguição política", escreve José Sócrates na carta enviada a António Campos.