Jerónimo (PCP) pergunta "que sucesso é este?", Passos nega acinte à Grécia

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 20 fev (Lusa) - O líder comunista questionou hoje o primeiro-ministro sobre "que sucesso é este" que o Governo anuncia na economia portuguesa, acusando o executivo de alinhar com a Alemanha no "acinte à Grécia", no debate parlamentar quinzenal.

Passos Coelho recusou a ideia, reiterou que Portugal tem vindo a ajudar a Grécia, desejando que o governo helénico "encontrasse uma boa solução" junto das instituições europeias. O líder do executivo frisou estar somente a defender as suas próprias "convicções".

"Como pode dizer que está tudo bem? Que sucesso é este, que empurrou centenas de milhares de portugueses para a emigração? Que sucesso é este? A dívida aumentou para níveis insustentáveis. O primeiro-ministro coloca-se sempre na posição de defensor dos credores. Consideramos que também os devedores têm direitos. Um dia não vamos poder pagar. Deixe-se dessa conversa de que tudo vai bem", pediu Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP, lamentando a situação na saúde, educação e proteção social, voltou a defender a necessidade de renegociação da dívida e comparou o líder do PSD à personagem Pangloss - do romance do francês Voltaire "Cândido, ou do Otimismo" -, mentor de um jovem em choque com "a miséria e as injustiças" que tenta retratar-lhe, pelo contrário, um cenário paradisíaco.

"Este Governo procura tratar da sua própria sobrevivência e da política que executa. É aqui que se percebe o acinte à Grécia. Lá, independentemente do desfecho, estão a tentar libertar-se das amarras, do jugo, dos poderosos e mandantes da União Europeia (UE). Este Governo nunca o fará nem sequer tentará, por opção política. Este Governo não tem cura nem tem tempo. É um Governo derrotado que já pertence ao passado", afirmou o deputado comunista.

Passos Coelho assegurou não estar a "lutar pela sobrevivência política", mas antes "a defender convicções", as quais, "enquanto se comprovarem positivas para o país", o deixam com a consciência de estar a fazer o que deve e, "no dia em que o país assim não achar, tem uma boa forma de resolver o problema".

"Não há aqui nenhum acinte em relação à Grécia. Portugal tem sido um dos países que tem contribuído ativamente para ajudar a Grécia, como outros parceiros europeus. Não estamos contra o Governo grego. Tomara eu que o Governo grego encontrasse uma boa solução para o problema que suscitou e que a Grécia consiga resolver os seus problemas", declarou.

O primeiro-ministro contrariou a proposta comunista de reestruturação da dívida junto dos credores externos, defendendo que as obrigações de Portugal são sustentáveis, apesar do seu nível "muito elevado, que cria restrições à àrea pública"

"Acho uma contradição nos seus termos. Quer o regresso do investimento a Portugal, mas diz que o melhor é renegociar a dívida. O resultado seria o mais perverso. O investimento com recurso a financiamento externo desapareceria imediatamente. Os países que passam por esse tipo de processo sabem a fatura que pagam, no dia a seguir, pela renegociação da dívida, que tem de ser objeto de uma redução, com perdas para os investidores, e não contam com eles (depois)", descreveu.

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