Sobrinho diz que buraco no BESA se deve ao incumprimento das empresas angolanas
Porto Canal / Agências
Lisboa, 18 dez (Lusa) - O ex-presidente do BES Angola (BESA), Álvaro Sobrinho, justificou a falta de reembolso dos mais de três mil milhões de euros de crédito concedido pelo BES ao banco africano com o incumprimento das empresas que beneficiaram do dinheiro.
"O que correu mal, vendo bem, é que o crédito por assinatura entra nas contas extrapatrimoniais. Só entra em crédito [no balanço] se há incumprimento. Se passamos uma carta de crédito a um banco, ela só irá contar mais tarde", afirmou o responsável no parlamento.
"O exportador recebia o dinheiro, mas o importador, por qualquer razão, não pagava a carta de crédito. Portanto, deixava no banco um crédito. Deixava de ser um crédito extrapatrimonial e passava a balanço", acrescentou.
Segundo Sobrinho, "isto era comum no BESA".
O gestor luso-angolano voltou a realçar que o BESA pagou 700 milhões de dólares pelo financiamento que recebeu do BES.
"O capital, na ficha técnica que existe, é para ser reembolsado só em 2018. Portanto, o BES cede, não uma liquidez no mercado monetário, mas uma linha 'revolving'", afirmou, sublinhando que a maturidade das obrigações do Estado angolano que foram subscritas com uma boa parte do financiamento do BES vence apenas em 2018.
"É o mesmo que a senhora deputada comprar uma casa a 20 anos e, de repente, o banco pedir-lhe o valor todo de uma vez", afirmou.
E reforçou: "Havia juros altíssimos que o BESA às vezes não conseguia pagar, mas ainda pagou 700 milhões de dólares. Nove vezes mais do que o custo de uma empresa se financiar no mercado internacional".
DN/PPF // ATR
Lusa/fim