Fitch defende que programa de compra de dívida do BCE não vai melhorar crédito
Porto Canal / Agências
Madrid, 15 set (Lusa) - A agência de 'rating' Fitch considerou hoje que o programa de compra de dívida anunciado recentemente pelo BCE não vai melhorar a concessão de crédito porque os bancos vão utilizar aqueles fundos para amortizar empréstimos, nomeadamente em Portugal.
Num relatório publicado hoje, a Fitch refere-se concretamente aos bancos de Portugal, Espanha, Itália e Grécia, que considera muito "propensos" a financiarem-se com baixos custos no Banco Central Europeu (BCE), mas que seguramente destinarão esses fundos a refinanciar-se em vez de conceder crédito.
A vontade dos bancos de conceder empréstimos vai continuar a ser tão "moderada" como a procura de crédito devido ao fraco crescimento na zona euro, à ainda elevada desalavancagem - relação entre dívida e capitais próprios - das empresas e à relativamente baixa de competitividade do setor empresarial na maior parte da região.
A 04 de setembro, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu a taxa de juro diretora para 0,05%, um novo mínimo histórico, e anunciou que vai lançar um programa de compra de dívida privada para apoiar o mercado de crédito e dinamizar a economia da zona euro.
O presidente do BCE, Mario Draghi, referiu na altura que o pacote de compra de ativos do BCE inclui também créditos hipotecários em euros emitidos por instituições financeiras da zona euro, mas não precisou o montante deste programa de compra de ativos, que deverá ser lançado a partir de outubro.
"Queremos garantir que estes títulos ABS [asset-backed securities] vão servir para que o crédito chegue à economia real", afirmou.
Draghi disse também que será difícil chegar a uma inflação próxima dos objetivos do BCE só com base na política monetária.
"É preciso crescimento", considerou, referindo que "são necessárias medidas orçamentais e sobretudo reformas estruturais".
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