Uma nova cidade vai nascer na antiga Central Termoeléctrica do Freixo

Uma nova cidade vai nascer na antiga Central Termoeléctrica do Freixo
| Porto
Ana Francisca Gomes

Para os terrenos da antiga Central Termoeléctrica do Freixo, na escarpa do Douro, está a ser desenvolvido um projeto de uso misto com uma “forte componente residencial”. É uma nova cidade que vai nascer em Campanhã. O projeto de arquitetura foi entregue ao Pritzker Eduardo Souto de Moura. Fase de demolição e descontaminação dos solos está em curso.

É pouco provável que quem regularmente atravessa a ponte do Freixo, ou desce a rua do Freixo, junto ao CACE Cultural do Porto, nunca tenha reparado nos terrenos abandonados onde até agora moravam apenas um conjunto de ruínas de aspeto fabril. Tratam-se da antiga Central do Freixo e da Empresa Industrial do Freixo.

Porto Canal

Foto: Centro Português de Fotografia

Em 1927, a União Eléctrica Portuguesa (UEP) inaugurou a Central do Freixo em terrenos que já eram ocupados, desde 1922, por edifícios ligados à Central Hidroelétrica do Lindoso. Foi uma importante central no fornecimento de energia na cidade do Porto.Aliás, em 1936, o sistema Lindoso-Freixo alimentava 83% do consumo de energia eléctrica dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e Coimbra, uma extensa área que abrangia as principais cidades de todo o Noroeste de Portugal. Em 1946, a UEP construiu a Empresa Industrial do Freixo para aproveitar os excedentes de energia da central.

“Com o 25 de abril de 1974, a União Elétrica Portuguesa foi incorporada na atual EDP, mas a Central Termoeléctrica do Freixo já tinha deixado de produzir eletricidade e de a fazer chegar a várias zonas da região desde 1960, substituída pela central na Tapado do Outeiro, em Gondomar”, dá conta o ‘site’ da autarquia do Porto.

 
 
 
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 Até 2018, os terrenos pertenciam à EDP, ano em que a elétrica os vendeu a um conjunto de investidores portugueses e estrangeiros, ligados ao empresário João Cota Dias. O projeto está a cargo da Freixo Magnum, Lda, uma empresa detida em 79% pelo consórcio franco-suíço Ginkgo Advisor e em 21% pela Emerge, uma empresa do ramo imobiliário do universo da Mota-Engil.

Um quarteirão de 56 mil metros quadrados que vai ser totalmente transformado

O projeto chegou a ser entregue ao atelier de arquitetura lisboeta PROMONTÓRIO. Contactado pelo Porto Canal em agosto, o atelier esclareceu que já não era responsável pela transformação daqueles terrenos, uma vez que o projeto foi entregue pelo cliente a outro arquiteto.

Porto Canal

Projeto do atelier de arquitetura Promontório, presente numa memória descritiva que consta do processo de licenciamento que resultou no atual alvará, consultado pelo Porto Canal em junho de 2023.

O projeto está agora nas mãos de Eduardo Souto de Moura. Contactado pelo Porto Canal, o arquiteto não quis avançar detalhes e afirmou ser ainda “muito cedo para falar do assunto”.

 
 
 
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Segundo a página online da Gingko Advisor, o programa prevê a criação de habitação, uma residência sénior e edifícios de escritórios e empresas.

“Embora alguns edifícios pendentes sejam mantidos e reestruturados, o projeto envolverá uma quantidade significativa de demolições e o processamento de 80.000 m3 de solo escavado”, pode ler-se. Através das redes sociais da empresa, é possível perceber-se que a fase de demolições foi efetuada durante o passado Outono. Foram preservadas as fachadas dos edifícios da Central do Freixo e da Empresa Industrial do Freixo, que deverão integrar o projeto a desenvolver.

 

Projeto contempla Plano de Urbanização de Campanhã

Este é um projeto já pensado para se inserir nas mudanças que o Plano de Urbanização de Campanhã vai trazer a esta zona do Porto.

Numa planta do processo de loteamento assinada por Souto Moura, que consta do processo de licenciamento que resultou no atual alvará, consultado pelo Porto Canal em junho de 2023, pode já ver-se desenhado um dos novos arruamentos que vão surgir.

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