A entrevista exclusiva de Rui Moreira ao Porto Canal

A entrevista exclusiva de Rui Moreira ao Porto Canal
| Porto
Fábio Lopes

A Área Metropolitana do Porto (AMP) tem vivido momentos de tensão no passado recente. Divisões, discórdias e passos em falso têm sido apontadas à ação da entidade intermunicipal, nomeadamente pelo Presidente da Câmara do Porto. Em entrevista exclusiva ao Porto Canal, emitida esta quinta-feira, Rui Moreira debruça-se sobre a indefinição em torno da reabilitação do Coliseu, sobre a governação da AMP que tem censurado duramente, sem esquecer as obras da Metro do Porto e os respetivos constrangimentos para a cidade Invicta, passando ainda pelo tumultuoso arranque da nova rede de autocarros, a UNIR, que tem ‘aquecido’ as hostes do mês de dezembro.

 

AMP e um “problema irresolvível de governação”

Para o edil da Invicta, a AMP apresenta um “problema irresolvível de governação”.

“A AMP tem vários problemas. Tem, desde logo, um problema espacial. Nós temos um mapa desalinhado”, começou por referir Rui Moreira, censurando o modelo de governação da entidade intermunicipal.

“Eu gostaria que na AMP houvesse uma formulação em que o poder de decisão não fossem os Presidente de Câmara. Aquilo no fundo é um colégio de presidentes de Câmara”, atira Rui Moreira.

Coliseu do Porto no centro da discórdia

A divisão no seio da Área Metropolitana do Porto (AMP) não é novidade. Também no centro da discórdia está a comparticipação das obras de reabilitação do Coliseu do Porto, que tem gerado diversas divergências.

Em causa está o recuo de sete dos 17 municípios da AMP em comparticiparem as obras de reabilitação do Coliseu do Porto, cujo apoio tinha sido aprovado por unanimidade das autarquias presentes na reunião de trabalho do Conselho Metropolitano do Porto realizada em 20 de outubro.

Perante o clima de incerteza e discórdia que paira sobre o Coliseu, Rui Moreira sustenta que uma das soluções do imbróglio, que se arrasta, poderá passar pela participação individual de municípios na Associação Amigos do Coliseu.

“A Associação Amigos do Coliseu terá que reunir, novamente, em Assembleia-Geral, perceber que houve um associado que disse o dito pelo não dito e que vai ter que reavaliar se quer avançar com a concessão ou se é possível encontrar outra solução, que pode ser municípios como Vila Nova de Gaia ou como Matosinhos, que demonstraram interesse, poderem querer participar, individualmente, na Associação Amigos do Coliseu e encontrarmos aqui uma forma de redistribuição diferente entre nós”, acrescentou o edil da Invicta.

De realçar que a direção da Associação Amigos do Coliseu é composta pelo presidente do equipamento cultural e representante da Câmara do Porto, Miguel Guedes, pela representante do Ministério da Cultura, Laura Castro, pela representante da Área Metropolitana do Porto, Maria João Castro, pelo presidente da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, e pelo advogado Pedro Carvalho Esteves.

UNIR e a desunião na mobilidade da AMP

Em matéria de mobilidade, o tumultuoso arranque da UNIR também foi alvo de análise de Rui Moreira. Escassez de informação, falhas no serviço e milhares de utilizadores deixados apeados refletem as dificuldades de um processo marcado por avanços e recuos. Um cenário que “preocupa” o autarca portuense.

“O que nos dizem é que o serviço está abaixo das expectativas, neste momento e está pior do que estava e isso é que deve ser avaliado. É evidente que eu acredito que há um período experimental quando as coisas não correm bem e espero que as coisas venham a correr bem. Agora que me preocupa, preocupa”, frisa Rui Moreira, afirmando que “há um problema” e caso não se solucionem os obstáculos iniciais, a “consequência será o aumento de carros na estrada”, alerta.

A falta de consenso tem pautado todo o processo, sendo que no centro da discórdia encontra-se, igualmente, a distribuição de verbas em matéria de transportes públicos, nomeadamente a repartição pelos municípios do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes.

Na ótica de Rui Moreira, a futura empresa de transportes da Área Metropolitana do Porto (AMP) poderá avançar sem a participação do município do Porto.

“O Porto tem a sua participação nos transportes bem definida. A STCP tem uma estrutura em conjunto com a CP e a Metro do Porto chamada TIP que, basicamente, trata da bilhética, daquilo a que nós chamamos o andante. É uma empresa altamente rentável e que funciona. Subitamente, a AMP quis criar uma empresa metropolitana de transportes que iria absorver a TIP, dissolvendo-se a TIP e passando lá para dentro”, frisa Rui Moreira, não se mostrando disponível para aderir.

“Porque é que nós vamos sacrificar uma estrutura em que nós, através da STCP, estamos bem, em que CP está bem, em que a Metro está bem para resolvermos os problemas dos outros autarcas?”, questiona o autarca portuense, abordando ainda os constrangimentos causados pelas obras do Metro do Porto.

Obras do Metro do Porto não dão descanso

Na ótica de Rui Moreira é “impensável” o encerramento temporário do túnel do Campo Alegre para permitir a construção da nova linha Rubi do Metro do Porto.

“Nós não aceitamos”, declarou Rui Moreira em entrevista exclusiva ao Porto Canal, a ser emitida esta quinta-feira. “O túnel do Campo Alegre é a única via de saída para sul da cidade do Porto. O túnel do Campo Alegre não tem horas de ponta, é uma artéria fundamental”.

O autarca portuense deixa ainda um desafio à Metro do Porto. “Alterem o projeto, alterem o método construtivo, cheguem para lá, alterem a estação. Enquanto eu for presidente, enquanto eu poder impedir isso, não vou permitir”, vincou Rui Moreira, antes de criticar o atraso da Linha Rosa, que “já vai em dois anos de atraso”.

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