Atrasos nas obras. Câmara do Porto vai reunir com Governo e Metro do Porto

Atrasos nas obras. Câmara do Porto vai reunir com Governo e Metro do Porto
Ana Torres | Porto Canal
| Porto
Ana Francisca Gomes

Rui Moreira vai pedir ao Governo uma “avaliação urgente” do estado das obras da Metro do Porto. A proposta do presidente da Câmara Municipal do Porto foi aprovada por maioria, com abstenção do Bloco de Esquerda, na reunião de executivo desta segunda-feira. Com a aprovação desta recomendação apresentada pelo presidente, a autarquia informará “o Governo e a Metro do Porto que não pode avançar com nova frente de obra sem que seja reduzida a ocupação existente com as obras em curso.

Rui Moreira afirmou que, apesar da importância destas obras para o futuro da cidade, “devemos ter uma atitude de firmeza” e adiantou que está marcada uma reunião com o Governo e com a Metro do Porto para depois do encontro do executivo municipal desta segunda-feira.

O vereador eleito pelo Partido Socialista Tiago Barbosa Ribeiro acredita que “será possível encontrar diálogo com a Metro do Porto” e que, apesar das obras serem um constrangimento, o município não pode perder a “oportunidade” do PRR para a nova Linha Rubi. O socialista propôs ainda uma alteração à recomendação de Rui Moreira (e que foi aceite pelo executivo) para que a Metro do Porto e o Governo tenham que “coordenar a ocupação da via pública com a Câmara do Porto” e que não pode ser feita “nova ocupação em via pública sem que se reduza a ocupação existente nem se reduzem os constrangimentos”

Alberto Machado, vereador eleito pelo PSD, sublinhou que “todos os portugueses têm sentido na pele” o efeito das obras e que tantos atrasos “não é desculpável".

Já a comunista Ilda Figueiredo afirmou que este debate é importante, e lamentou que desde o início não tenha havido “uma maior coordenação entre a Câmara e a Metro” e que essa “escassa comunicação criou muitos problemas”.

Maria Manuel Rola, do Bloco do Esquerda, lembrou que “várias obras públicas atrasam” e lembrou que também o Mercado do Bolhão atrasou cerca de três anos e que o metro não será diferente. A vereadora lamentou, contudo, que o executivo ainda só tenha tido uma reunião com a Metro do Porto e afirmou que era necessário haver mais proximidade.

Rui Moreira denunciou problemas e atrasos nas várias frentes de obra da cidade, que acusou de “quer na linha Rosa quer da linha de BRT não cumprirem os calendários, não serem sinalizadas devidamente e não acautelarem questões básicas de segurança”. Assim, o município diz ser necessário “um incremento imediato da qualidade para minimizar o impacto sobre aqueles que vivem ou trabalham na cidade do Porto”.

O município acusa ainda a empresa de “falta de transparência, patente em casos extremos como as obras na Avenida Marechal Gomes da Costa ou na Rua Mouzinho da Silveira” que, diz, “assumem foros de escândalo”.

Uma vez que, conclui a recomendação de Rui Moreira, “não há um esforço consequente no sentido de melhorar as condições das inúmeras frentes de obra”, a Câmara Municipal do Porto solicita ao Governo “que proceda a uma urgente avaliação do estado das obras em curso, e a uma auditoria sobre a fiscalização e alterações de projeto verificadas das mesmas e sobre as medidas de segurança nas várias frentes de obra”.

“Situação catastrófica”

Na última Assembleia Municipal, a 30 de outubro, Rui Moreira já tinha apontado à Metro do Porto ao criticar os sucessivos atrasos nas obras efetuadas pela empresa na cidade.

O autarca do Porto voltou a reforçar que o Porto não tem capacidade para aguentar mais frentes de obra e que a cidade não pode ser “um campo para se fazer experimentalismos”. “Se quiserem, acabam primeiro a linha rosa, fazem o metrobus. E quando fizerem isso, o meu sucessor (que já não serei eu) há-de passar uma licença para fazerem as obras para a linha rubi. Se não houver PRR? Não há PRR. Se não houver ponte? Não há ponte. O que não podemos é ter linhas e não ter pessoas. A situação agora é catastrófica.”

Histórico de polémicas entre Câmara e Metro

Este é apenas mais um episódio das polémicas entre a Câmara do Porto e a Metro, sendo já antiga a polémica entre Rui Moreira e a empresa. Tiago Braga, presidente do conselho de administração da Metro, esteve já presente numa Assembleia Municipal e numa reunião de Câmara para junto dos eleitos apresentar pontos de situação do estado da empreitada.

Em novembro de 2022, Moreira visou a empresa através de uma carta sobre os “excessivos atrasos” das obras da linha Rosa. O presidente da Câmara do Porto mostrou-se então preocupado com o "impacto profundamente negativo" da construção da nova linha, que, segundo ou autarca, apresentava já "excessivos atrasos" em "praticamente todas as frentes", segundo o ofício enviado à empresa.

Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, respondeu também por escrito e recordou os vários fatores que impactaram no calendário da empreitada - arqueologia, pandemia e guerra na Ucrânia -, tendo ainda assumido compromissos com um novo programa (Plano de Trabalhos Modificado).

Na sequência das inundações causas pelas obras do metro na Avenida dos Aliados, Praça da Liberdade e Rua Mouzinho da Silveira, em janeiro, o verniz estalou entre a autarquia e a empresa. Um relatório do LNEC, divulgado em agosto, viria a imputar as responsabilidades à empresa, que incorporou as recomendações daquele organismo.

“Fantasma” da Porto 2001 assombra cidade

Rui Moreira, fez ainda uma referência à Porto 2001 e traz à memória um dos períodos mais conturbados da cidade. É sob esse desígnio que a autarquia não quer ver repetido um passado marcado pelo caos provocado por várias frentes de obra em simultâneo na cidade. “Considerando a realidade existente, a cidade não aguenta a abertura de novas frentes de obra que tenham impacto na já tão fustigada mobilidade. Sob pena de termos um impacto terrível numa cidade que ainda não esqueceu o impacto a médio e longo prazo das obras da Porto 2001”.

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