Trabalhadores da TAP não querem espanhóis na empresa. Hub de Lisboa seria “substituído por Madrid”
Porto Canal
O International Airlines Group (IAG), dono da British Airways e Iberia, é um dos interessados na compra da TAP, mas os sindicatos da empresa de aviação portuguesa não acreditam que a venda seja do interesse nacional. Ao Jornal de Notícias, o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) alerta: “Há o risco de o hub ser desviado para Madrid e de a TAP ser uma companhia de lançamento que os grupos compram para ocupar as nossas rotas que são muito lucrativas”.
Na semana passada, o primeiro-ministro colocou a hipótese, entre diferentes cenários, de privatizar a totalidade do capital da TAP, apesar de indicar que o montante ainda não foi definido e irá depender do parceiro escolhido.
Segundo António Costa, o Governo vai aprovar no Conselho de Ministros desta quinta-feira o diploma que irá estabelecer o enquadramento do processo de privatização da TAP.
O presidente executivo do IAG, Luis Gallego, expressou o interesse da ‘holding’ nas condições da privatização da TAP, considerando que “seria algo interessante” para o grupo.
“Estamos sempre abertos a ter grandes empresas, grandes marcas no nosso portefólio e, para ser honesto, queremos ver as condições da privatização da TAP, porque penso que seria algo interessante para nós”, disse Gallego durante uma intervenção no Festival Mundial de Aviação.
Três sindicatos contra venda da TAP a espanhóis
Também o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac) duvida que a IAG não se aproveite da TAP. “A IAG pode ter interesse em ficar com o mercado da TAP. É fácil começarmos a pensar que vamos ficar sem hub porque há o interesse de que Madrid fique a controlar esta área geográfica”, explica o líder da estrutura sindical, Pedro Figueiredo, ao JN.
Já para o Sindicato dos Trabalhadores e Aviação (Sitava), a “IAG poderia ser logo excluída”. “A British Airways, que não tinha dinheiro nem aviões, canibalizou a Iberia, ficando com o dinheiro e com as aeronaves da companhia”. Para o líder do SITAVA, a franco-holandesa Air France-KLM “é a mais atrativa”, até porque “a Lufthansa tornou todas as empresas que adquiriu menores e colocou-as a trabalhar ao seu serviço”.