Rui Moreira 'atira' destino da antiga escola n.º 85 para o próximo executivo
Ana Francisca Gomes
Rui Moreira afirmou que o futuro do edifício da antiga Escola nº85, no Passeio Alegre do Porto, já não será decidido pelo atual executivo municipal e que devem ser “as próximas forças políticas a defender em campanha eleitoral o que é que ali querem fazer”. Para o autarca o “importante” é que o espaço retome agora para o município.
“Eu penso que deve haver uma grande discussão pública sobre isto [o futuro do edifício] e que deve ser matéria para a próxima campanha eleitoral. Devem ser as próximas forças políticas a defender em campanha eleitoral o que é que ali querem fazer, já não será para mim. Eu não quero - de forma nenhuma – decidir”, declarou o presidente da Câmara do Porto quando questionado pela vereadora eleita pela CDU, Ilda Figueiredo, pelo destino daquele edifício “muito grande e numa zona importante”.
Já há pelo menos duas décadas que o desaproveitamento da antiga escola primária n.º 85, conhecida localmente como Escola Reis, no Porto, é motivo de contestação por parte de moradores e antigos alunos. Está ocupada apenas a cave do edifício, que foi entregue à Academia de Danças e Cantares do Norte de Portugal, que ali tem instalada a sua sede e uma sala de ensaios desde 2004.
A Câmara Municipal do Porto pretendia dar uma nova vida ao edifício, com a possível instalação de um posto de turismo. Mas, para isso, precisava de retomar o controlo administrativo do imóvel, cedido à junta de freguesia através de um contrato de comodato, celebrado, inicialmente, em julho de 2004. O ponto de discórdia entre a junta de freguesia e a câmara era precisamente o futuro desta academia.
Como noticiou em março o Porto Canal, na sequência da iniciativa da Câmara de reaver o controlo do imóvel, a junta pretendia que a autarquia liderada por Rui Moreira assumisse o compromisso de realojar a associação. Tiago Mayan, presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, disse à época que “será importante encontrar um destino alternativo” para a Academia de Danças e Cantares do Norte de Portugal, mas fonte do executivo municipal disse ao Porto Canal que não é a Câmara, mas sim a junta, quem tem a obrigação de procurar um novo espaço para a instituição.
Agora, em reunião pública de executivo desta segunda-feira, foi aprovado por unanimidade reverter-se a cedência de utilização da Escola n.º 85, que retoma à posse do município, e a celebração de um acordo temporário com a academia.
Apesar de deixar o destino do edifício para o próximo executivo, Moreira sublinhou que o importante era resolver um problema que a autarquia “herdou”, uma vez que cedeu o edifício à junta de freguesia para um propósito que não foi cumprido: o de instalar lá a sua sede. “Porque é que aquilo foi cedido à junta de freguesia? Para lá instalar a sede da junta. Nunca foi feito. O que é que a junta fez? Fez uma cedência ilegal à academia”, lamentou.
O autarca confessou ainda que gostava que o edifício ficasse, no futuro, “ligado à educação e ao ensino”.
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