Antiga Casa da Câmara, no Porto, reabre com exposição dedicada a Fernando Távora
Porto Canal
A Antiga Casa da Câmara, sita no Morro da Sé, reabriu as portas, esta quinta-feira, ao fim de sete anos, trazendo consigo o simbolismo do centenário do nascimento de Fernando Távora, numa exposição - “A Urgência da Cidade: o Porto e 100 anos de Fernando Távora” – que pode ser visitada até 29 de outubro.
Esta é a primeira de cerca de 30 iniciativas à volta da figura tutelar do célebre arquiteto, figura fundadora da Escola do Porto.
A mostra oferece, em simultâneo, uma viagem pela história da Invicta, como também sobre o arquiteto, propondo um roteiro de vida e obra, que põe em evidência projetos como o estudo de renovação do Barredo ou a reabilitação do Palácio do Freixo.
Esta é uma reabertura muito aguardada e que proporciona um reencontro com “a memória coletiva, o património histórico e a identidade cultural”, com os “valores, sentimentos, tradições e vivências que forjaram o nosso caráter de portuenses”. Recorde-se que a "Casa dos 24" foi alvo de um processo de reabilitação, sendo agora entregue ao projeto artístico do Museu do Porto e, assim, devolvida à cidade.
Na data em que se assinala o centenário do nascimento do arquiteto Fernando Távora, “a exposição que reabre a Antiga Casa da Câmara – tal como a precedente intervenção de conservação e restauro – é, em si mesma, uma operação urgente de resgate”, sublinha o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado.
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Das ruínas à nova vida
A sua história remonta ao século XV, a antiga Casa da Câmara, construída em meados de 1450, considerada a primeira sede do poder autárquico. Também conhecido como "Casa dos 24", no emblemático edifício reuniam-se, até final do século XVII, em assembleia, os chamados homens-bons, ou os representantes dos 24 ofícios da cidade.
Em 1875, um incêndio destruiu por completo o edifício, tendo sido apenas reerguido em 2002, na recriação contemporânea da perdida torre medieval, projeto do arquiteto Fernando Távora.
Fernando Távora, 100 anos de um visionário
Na inauguração da exposição “A Urgência da Cidade: o Porto e 100 anos de Fernando Távora”, ao final da tarde desta quinta-feira, Rui Moreira lembrou a “marca indelével” deixada por “um dos maiores mestres da arquitetura contemporânea nacional e internacional” ao “restituir ao Porto toda a monumentalidade e simbolismo da Antiga Casa da Câmara”.
As várias obras de Fernando Távora marcaram a arquitetura portuguesa. Exemplos disso são a Casa de Ofir (Esposende), o Mercado da Vila da Feira (Santa Maria da Feira), o Pavilhão de Ténis da Quinta da Conceição (Matosinhos), a Escola do Cedro (Gaia), a Pousada de Santa Marinha da Costa (Guimarães), o Anfiteatro da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e a Casa dos 24 (Porto).
Fernando Távora morreu a 3 de setembro de 2005 em Matosinhos, tinha 82 anos.