Escola do Cedro em Gaia “está a precisar de uma grande intervenção estrutural”

| Norte
Pedro Benjamim

A escola do Cedro, em Vila Nova de Gaia, da autoria do arquiteto Fernando Távora – “o pai da escola do Porto”, escrevia Souto de Moura em 2005 – precisa de obras de fundo, afirma a coordenadora da escola.

“Está a precisar de uma grande intervenção estrutural, disso eu não tenho dúvida nenhuma”, diz Elsa Pinto ao Porto Canal.

Há 17 anos coordenadora da Escola Primária do Cedro, nota que “a Câmara tem dado a resposta que pode em pequenos consertos, mas intervenções de fundo não teve e está a precisar porque são 62 anos que esta escola tem. Os materiais são bons, vão aguentando, mas tal como as pessoas não resistimos à passagem do tempo”.

No ano em que se celebra o centenário do arquiteto Fernando Távora – nasceu a 25 de agosto de 1923 – a escola faz oito anos da última intervenção. “Em 2015 foram realizadas obras de reabilitação construtiva das fachadas voltadas a Norte”, diz a Câmara de Gaia em resposta ao Porto Canal.

 
 
 
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O arquiteto João Paulo Rapagão, aluno de Fernando Távora e professor na Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Lusíada, no Porto, afirma que faltou cuidar da escola ao longo do tempo. “Se houvesse um investimento progressivo não chegaríamos a este estado de degradação ao nível das infraestruturas, […] há aqui uma série de desatualizações que são fruto de desinvestimentos, que se tivessem sido feitos ao longo do tempo obviamente que esta escola estaria no seu momento atual a funcionar corretamente”, diz ao Porto Canal.

Câmara de Gaia vai reabilitar imóvel

Com cerca de 300 alunos, a escola, que é um dos principais trabalhos de Fernando Távora, na fase inicial da sua carreira, vai ser reabilitada, mas já fora do ano em que se celebra o centenário do nascimento do arquiteto. “O projeto de arquitetura encontra-se já iniciado, entretanto será objeto de Concurso Público, pelo que se prevê o tempo de dois anos para a concretização da obra (2024/25)”, avança a Câmara ao Porto Canal.

Na intervenção prevê-se a “reabilitação integral e construtiva da Escola Primária do Cedro, com uma abordagem minimalista e o restauro da linguagem moderna original”, explica a autarquia.

A construção da escola, resultado de “um projeto municipal realizado em 1958, apresentando já os primeiros esboços em 1957, concluída em 1960 e inaugurada em 1961”, diz a autarquia, foi classificada como Monumento de Interesse Público em junho de 2013.

Nos anos 80 houve a grande alteração à forma como a escola era utilizada. “Foram realizadas obras de adaptação com novas infraestruturas para a cozinha, despensas e o espaço polivalente original passa a funcionar como refeitório, diante das novas necessidades educativas”, refere a autarquia.

No entanto, esta alteração veio trazer novos desafios aos professores e auxiliares. “A cozinha precisa de reformulação, precisa de ser alargada. É um meio de comunicação e de passagem, portanto nós não temos como passar pela escola sem ser pela cantina. Quando estão os meninos a almoçar não é o mais higiénico. Não temos outro processo, porque não posso abrir a escola e por os meninos a dar a volta à escola pelo exterior. Há aqui pormenores que teriam de ser pensados de maneira a criar condições mais atuais”, diz a coordenadora da escola.

Elsa Pinto diz, no entanto, que a escola “ainda dá uma boa resposta, as salas são luminosas, tem uma boa acústica, tem um espaço agradável. É uma escola agradável, mas precisa de atualização para continuar a funcionar”.

A coordenadora na Escola do Cedro, desde 2007, acredita que a reconversão do imóvel num polo cultural pode ser uma alternativa sendo encontrado uma nova localização para a escola. “Criarem aqui um polo a servir a comunidade, um polo cultural, um centro de apoio aos idosos […] e criar um espaço novo de raíz”, afirma.

Escola do Cedro “é uma lição”

Esta escola que “é uma lição” do pai da Escola do Porto na Arquitetura bebe influências do finlandês Alvar Aalto, arquiteto nascido em 1898, cujo centenário se celebrou em 1998.

“O Governo finlandês investiu uma verba avultadíssima a recuperar a maioria dos edifícios do Alvar Aalto. Estavam todos impecáveis e prontos para a celebração do centenário e, de facto, é um contraste enorme, ver-me agora não em 98, mas em 2023, num centenário igualmente importante, muito importante para nós portugueses e ver a escola neste estado que, de facto, é uma peça preciosa da obra de Fernando Távora, é uma obra preciosa da nossa arquitetura do séc. XX e está neste estado”, desabafa João Paulo Rapagão.

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