PAN em "total desacordo" com eliminação de vias de modos suaves no Metrobus no Porto
Porto Canal/Agências
O PAN afirmou esta quarta-feira estar em total desacordo com a decisão da Câmara do Porto de eliminar vias de modos suaves na obra do metrobus, pondo em risco a segurança de quem usa bicicletas e trotinetes.
Em comunicado, a Comissão Política Concelhia do PAN no Porto salienta estar “em total desacordo com a opção política” da autarquia, liderada pelo independente Rui Moreira.
Defendendo que a obra do metrobus foi apresentada para “reduzir a dependência do automóvel” e “melhorar a saúde pública e qualidade de vida das pessoas”, o PAN diz não compreender a “política de eliminação da mobilidade suave”.
“Se o metrobus pretende reduzir a dependência do automóvel, não faz muito sentido que as vias para automóveis se mantenham as mesmas depois da obra e que as vias de mobilidade suave não estejam previstas”, considerou o partido.
O novo serviço da Metro do Porto ligará a Casa da Música à Praça do Império e à Anémona com recurso a autocarros a hidrogénio, circulando em via dedicada na Avenida da Boavista e em convivência com os automóveis na Avenida Marechal Gomes da Costa.
No trajeto ficará a faltar uma ciclovia em toda a sua extensão, já que será mantida no centro da via, junto ao canal do metrobus, no troço entre a Fonte da Moura e o Castelo do Queijo, mas não existirá na parte oriental, onde haverá duas faixas para automóvel e uma para o metrobus em cada sentido.
Para o PAN, a opção da autarquia “põe também em risco a segurança dos munícipes que optam pela mobilidade suave”.
“De facto, bicicletas e trotinetes, muitas vezes conduzidas por jovens e crianças nas deslocações da escola e por adultos na deslocação para o trabalho, a circular juntamente com os carros, é um risco para a integridade física dos munícipes e um desincentivo ao uso da mobilidade suave”, acrescenta.
O PAN lembra ainda que a promessa de que seriam criados mais 35 quilómetros de ciclovias na cidade “ainda não foi cumprida”.
Na terça-feira, a MUBi - Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta acusou a Câmara do Porto de “violar os critérios de prioridades” de mobilidade no espaço público ao eliminar vias de modos suaves na obra do metrobus na Avenida da Boavista.
Em comunicado, aquela associação lamentou também a falta de resposta daquela autarquia a uma missiva na qual a MUBi alertava para a “considerável degradação das condições para a mobilidade ativa e suave” num “eixo crucial da cidade” como a Avenida da Boavista.
Confrontada com as acusações da MUBi, fonte oficial da Câmara Municipal do Porto esclareceu que foi uma “opção política” eliminar as vias de mobilidade suave: “Foi privilegiado o transporte público numa decisão política por causa de problemas de falta de espaço”, referiu.
Segundo aquela fonte, “não cabe lá [na Avenida da Boavista] tudo, ou se optava pelo metrobus ou pelos modos suaves e, perante essa necessidade de optar, a câmara concordou com a opção da Metro do Porto de privilegiar os meios públicos”.
O investimento no BRT é totalmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e chega aos 66 milhões de euros, valores sem IVA, e as obras arrancaram no final de janeiro.
Estão previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço, e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo, e Praça Cidade do Salvador (Anémona).