Francisco J. Marques e Diogo Faria condenados no ‘caso dos emails’, mas vão recorrer

Francisco J. Marques e Diogo Faria condenados no ‘caso dos emails’, mas vão recorrer
| Desporto
Porto Canal

O diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, e o diretor de conteúdos portista, Diogo Faria, foram condenados no ‘caso dos emails’, o processo sobre a divulgação de mensagens entre administradores do Benfica, comentadores desportivos, antigos árbitros e delegados da Liga no programa “Universo Porto – da Bancada” do Porto Canal.

Francisco J. Marques foi esta segunda-feira condenado a um ano e dez meses de prisão, enquanto Diogo Faria foi condenado a nove meses de prisão — ambos com penas suspensas.

O terceiro arguido, o jornalista Júlio Magalhães, ex-diretor do Porto Canal e atual jornalista da CNN Portugal e da Rádio Observador, foi absolvido de todos os crimes.

O caso remonta a 2017 e 2018, com comunicações entre elementos ligados à estrutura de Benfica e terceiros a serem reveladas no programa ‘Universo Porto — da Bancada’, do Porto Canal, e começou a ser julgado há cerca de seis meses, em 16 de setembro de 2022. Os e-mails exibidos por Francisco J. Marques no Porto Canal procuravam demonstrar a existência de “cartilhas” distribuídas pelo Benfica a comentadores desportivos.

Francisco J. Marques e Faria vão recorrer

Após a leitura da sentença, a equipa de defesa dos arguidos lembrou que a “larga maioria” das acusações “caiu”, “estavam largamente empoladas” e que a sentença “prova a veracidade dos conteúdos presentes nos emails”.

Francisco J. Marques e Diogo Faria vão apresentar recurso para o Tribunal da Relação, e destacam que a atual leitura do caso implica a impossibilidade de qualquer jornalista, no futuro, divulgue publicamente documentos privilegiados sobre casos relevantes, que contradizem os Direitos do Homem.

‘Caso dos Emails’ remonta a 2017

Francisco J. Marques estava acusado de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações, três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados, em concurso aparente com três crimes de devassa da vida privada, e um crime de acesso indevido.

O diretor de comunicação do FC Porto respondia ainda por cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados e um crime de ofensa à pessoa coletiva agravado na sequência de uma acusação particular.

Em junho de 2017, a divulgação de emails do Benfica no programa “Universo Porto - da Bancada” do Porto Canal levantou suspeitas de alegados crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e ativa dentro do clube da luz. O Ministério Público abriu inquérito de imediato.

Paulo Gonçalves, ex-diretor jurídico dos encarnados é arguido no processo que investiga o benefício do Benfica em decisões de arbitragem.

O Benfica, envolvido num processo de megacorrupção, pode vir a descer de divisão caso venha a ser condenado no âmbito do processo disciplinar instaurado pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. De acordo com o regulamento da Liga, a corrupção de equipa de arbitragem e outros agentes desportivos “é punida com a pena de desclassificação”.

O megaprocesso resulta de vários casos originais como os “E-mails do Porto Canal", o “Mala Ciao” e os “Vouchers” que tiveram avanços devido a dados fornecidos por Rui Pinto. Além destes, o Benfica lidou, ao longo dos últimos anos, com processos como o “Saco Azul”, “Operação Lex” e “E-Toupeira”.

 

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