Governo rejeita contratação de polícias para a Movida do Porto
Ana Mota
O Ministério da Administração Interna (MAI) recusou a contratação de 17 agentes para a Movida do Porto. A autarquia e a Associação de Bares e Discotecas estão dispostas a pagar pelo policiamento na cidade uma vez que as novas regras não conseguem acabar com o botellón.
As novas regras para a Movida do Porto foram postas em prática no dia 1 de março. Mais de dois meses depois e passado o período de adaptação, os incumprimentos de horário sucedem-se. Esplanadas que não são desmontadas a horas, bebidas e garrafas que são vendidas para o consumo na via pública e até minimercados a funcionar mais de quatro horas depois do horário de funcionamento.
Sara Gonçalves vive na zona da Cordoaria há 64 anos, quase uma vida inteira. Há 15 que não dorme horas seguidas devido ao barulho na via pública. “Já nem sei o que é descansar. Muitas vezes já cheguei a chorar porque é uma exaustão enorme. As esplanadas têm de ser recolhidas até à meia noite e meia e os espaços não cumprem, assim como a venda de bebidas para a via pública”, explica.
O problema é comum a vários moradores do centro da cidade do Porto. Paula Amorim queixa-se do mesmo há mais de dez anos, de barulho excessivo que se torna ensurdecedor durante a noite. “Queixo-me há 15 anos dos mesmos estabelecimentos, mandei há duas semanas para todas as entidades, incluindo para a ASAE, e continuo a queixar-me dos mesmos estabelecimentos”, diz. Paula vive em plena Rua das Galerias de Paris, em cima de vários bares e discotecas da cidade. Sem conseguir dormir, são várias as vezes que percorre as ruas da cidade para ver com os próprios olhos as situações de incumprimento.
A solução apontada é comum a moradores e empresários. Pedem mais fiscalização através do policiamento. A intenção de contratar 17 agentes para a Movida do Porto foi comunicada há um ano numa reunião entre a Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto e o Comando Metropolitano do Porto. Tudo estaria pronto para avançar mas a decisão de colocar policiamento gratificado nas ruas do Porto foi negada pelo Ministério da Administração Interna (MAI). “Com policiamento de visibilidade a situação estaria mais controlada. Tentamos, junto do comando da PSP do Porto, o policiamento gratificado, tínhamos quase tudo alinhavado mas, de repente, essa situação foi recusada por ordem do MAI”, explica Miguel Camões, Presidente da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto.
Mesmo com novas regras para a Movida do Porto, as situações de incumprimento continuam a verificar-se e a trazer consequências para os moradores. Contactada pelo Porto Canal, o Comando Metropolitano do Porto da PSP esclarece que “a denominada zona da “movida”, sendo das mais movimentadas e com maior concentração de frequentadores dos estabelecimentos ali localizados, tem recebido uma atenção particular, através do reforço do policiamento da referida área”.
O Porto Canal contactou ainda a Câmara Municipal do Porto que não prestou esclarecimentos sobre o assunto.