Foi a “luta incansável” dos habitantes que reabriu troço da Linha do Douro, diz associação
Porto Canal/Agências
A Associação Vale d’Ouro atribuiu o mérito do avanço no processo de reabertura do troço da Linha do Douro até Barca d’Alva à “luta incansável” dos durienses, mas defendeu que tudo deveria ter sido mais rápido.
A organização pronunciou-se a propósito da abertura, pela Infraestruturas de Portugal (IP), do concurso público internacional para a elaboração do estudo prévio e projeto de execução para a reabilitação e reabertura do troço ferroviário Pocinho – Barca d’Alva, na Linha do Douro.
O procedimento, publicado na quarta-feira, em Diário da República, tem o preço base de 4,2 milhões de euros.
“A Linha do Douro tornou-se a bandeira de uma região que se revelou sempre orgulhosa da sua ferrovia mas que a tem visto sucessivamente ser maltratada”, afirmou esta sexta-feira, em comunicado, a associação que tem sede no Pinhão, concelho de Alijó, e é presidida por Luís Almeida.
Esta luta, frisou, ganhou visibilidade quando em 2018 o município da Régua e a Associação Vale d’Ouro chamaram especialistas de todo o país para o debate “Linha do Douro: um futuro que tarda”.
A Linha Ferroviária do Douro atualmente liga o Porto ao Pocinho (171,522 quilómetros) e há vários anos que é defendida a reabertura do troço de 28 quilómetros entre o Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) e Barca d’Alva (Figueira de Castelo Rodrigo), desativado em 1988.
“O lançamento deste projeto já deveria ter acontecido há vários anos, agora nada justifica que daqui a cinco anos os comboios não circulem na Linha do Douro, esta foi uma luta de cada um dos durienses que, sem olhar a partidos ou agendas, mostraram a sua força em todas as oportunidades”, referiu a associação.
Para a Vale d´Ouro “os louros são dos durienses e da sua extrema resiliência”, contudo, advertiu, que “o processo está longe de estar concluído”.
“Este é um passo muito tardio, há anos que sabemos da importância estratégica desta linha para a coesão territorial, para o turismo e até para o estabelecimento das primeiras cadeias logísticas do futuro Corredor Internacional Norte”, salientou.
No entanto, considerou que “a partir de agora já nada poderá parar a reposição de um erro que paralisou e debilitou a região durante décadas”.
Este é, para a associação, “o último passo antes da obra, este é o estudo que deveria ter sido feito quando se criou a comissão de trabalho, havia bases e conhecimento suficientes, o trabalho lá desenvolvido poderia ter sido contemporâneo deste concurso agora lançado”. “Tínhamos ganhado um ano e meio”, apontou.
A Associação Vale d’Ouro disse que se congratula com o lançamento deste projeto, “ainda que um mês e meio depois do previsto”, mas continua apreensiva pela “inação” quanto ao arranque da empreitada de eletrificação entre Marco e Régua e o projeto de eletrificação entre Régua e Pocinho, lamentando que as entidades não divulguem os motivos destes atrasos.
A IP referiu, em comunicado, que a abertura do concurso público internacional “decorre do compromisso assumido pelo Governo no passado dia 03 de outubro de 2022”.
Em outubro, o ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos anunciou, em Freixo de Espada à Cinta, distrito de Bragança, a reativação daquele troço da Linha do Douro, concretizando que, durante o primeiro trimestre de 2023, seria lançado o concurso público para a elaboração do estudo prévio e o projeto.
Das intervenções que estão previstas executar neste troço final da Linha do Douro, destaca-se, de acordo com a IP, a eletrificação de todo o troço, estabilização de taludes e estruturas de suporte, modernização da infra e superestruturas ferroviária, reabilitação do edificado e plataformas existentes, infraestruturas de sinalização e telecomunicações, reabilitação de túneis e adequação para os gabaritos de catenária e a adequação das pontes metálicas, viadutos e passagens inferiores.