Plano para Avenidas Atlânticas no Porto finalmente fechado: três vias de trânsito e ciclovia mais larga

Plano para Avenidas Atlânticas no Porto finalmente fechado: três vias de trânsito e ciclovia mais larga
Ana Francisca Gomes / Porto Canal
| Porto
Francisco Graça

Há luz ao fundo do túnel para a Avenida do Brasil e de Montevideu. A União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde vai apresentar à Câmara Municipal do Porto, na próxima segunda-feira, a aprovação final ao plano de organização do trânsito das chamadas Avenidas Atlânticas. Na proposta discutida e aprovada que vai chegar às mãos de Rui Moreira, Tiago Mayan diz "sim" a manutenção da largura atual da faixa de rodagem, mas reduzindo as vias de trânsito de quatro para três, e o alargamento da ciclovia.

A decisão chega num dia com história. Foi exatamente há um ano, a 31 de março de 2022, que terminou o período de auscultação pública aos projetos de reconversão das Avenidas Brasil e Montevideu. As negociações entre forças políticas atrasou o processo.

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“Vamos dividir a zona de carros e bicicletas com um separador. Ainda não sabemos se serão canteiros, floreiras ou outra barreira, mas será um obstáculo resistente a carros”, diz Tiago Mayan. Foto: Ana Francisca Gomes

"Não foi, seguramente, no timing que gostaríamos, mas chegámos à melhor decisão”, garante o presidente da União de Freguesias, Tiago Mayan. “Ninguém entenderia que andássemos com experimentalismos, demorou, sim, mas temos de acertar agora”, defende o presidente da concelhia portuense do PSD, Alberto Machado. De recordar que o acordo de governação entre PSD e o movimento independente de Rui Moreira preconizava a reversão das Avenidas Atlânticas, com a ciclovia em cima do passeio.

O que vai acontecer nas Avenidas Atlânticas

As quatro vias de trânsito demasiado estreitas, “que se tornavam na verdade três ou até duas, com carros mal estacionados ou autocarros na estrada”, vão deixar de existir. A faixa de rodagem vai passar a ter apenas três vias, mas mais largas. A ciclovia, em faixa dedicada, vai também alargar. “Passa a ser mais segura”, explica Tiago Mayan.

“Há muitas críticas à ciclovia, é excessivamente estreita e perigosa, tem uns pinos de separação que não isolam suficientemente quem usa bicicletas. Nesta solução, a via dedicada é alargada e vamos dividir a zona de carros e bicicletas com um separador. Ainda não sabemos se serão canteiros, floreiras ou outra barreira, mas será um obstáculo resistente a carros”.

Sobre as três vias de trânsito, duas serão em sentido ascendente, Sul-Norte, da Foz em direção a Matosinhos. Para evitar bloqueios ou trânsito nos três pontos de viragem à esquerda de quem desce, ou seja, de quem conduz pela via única de Matosinhos para sul, vão ser criados “pontos de viragem”: “Nestas zonas específicas, vamos alargar a faixa de rodagem. Serão quatro vias de trânsito, uma delas dedicada a quem quiser virar. Conseguimos ir buscar este espaço aos lugares de estacionamento. Evitamos o bloqueio do tráfico”.

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“Há um outro aspeto positivo desta solução, que é o preço. Esta reorganização é uma questão de baldes de tinta, não precisamos de fazer obra, de partir passeios. Fica tudo mais rápido e barato”, explica Mayan. Foto: Ana Francisca Gomes

Também vai acontecer algo semelhante nas paragens de autocarro que fazem o percurso Norte-Sul. Como só existe uma via, as paragens serão instaladas na ciclovia. “Foi a solução possível. Vamos criar umas baias de estacionamento, os autocarros vêm para a ciclovia para carregar e descarregar”, justifica Mayan.

O passeio marítimo das Avenidas Atlânticas vai manter a mesma largura, não prejudicando quem passeia na marginal da Foz. “Há um outro aspeto positivo desta solução, que é o preço. Esta reorganização é uma questão de baldes de tinta, não precisamos de fazer obra, de partir passeios. Fica tudo mais rápido e barato”, fala o autarca.

Pressões políticas e timings difíceis

A solução para as Avenidas do Brasil e de Montevideu foi discutida esta quarta-feira entre todas as forças políticas da zona de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, após uma proposta inicial do Município do Porto. A decisão tinha mesmo de vir das forças locais, defendia Rui Moreira. O presidente da Câmara foi ficando progressivamente desgastada com a indecisão dos autarcas da Foz, e chegou mesmo a atirar a bola para Mayan e para o PSD. “A decisão passou para o lado deles”, explicou fonte da Câmara ao Porto Canal.

O acordo de governação entre PSD e Rui Moreira previa a reversão das avenidas à organização anterior, com a ciclovia em cima do passeio marítimo sem separadores, mas a ideia esbarrou na lei. “Não estávamos à espera, até porque era a solução do passado”, diz Alberto Machado, o líder dos sociais-democratas do Porto. “O acordo era reverter a obra, voltar a ter a ciclovia em cima do passeio, mas ficou sem efeitos por motivos legais. O código da estrada impede a circulação de bicicletas em cima de passeios. A partir daí precisámos de voltar a discutir soluções. Nós não tínhamos uma ideia concreta e definida do que fazer, sempre estivemos abertos a várias hipóteses”.

Após a auscultação pública promovida pela câmara ter indicado uma vitória das soluções C e C1 (diminuição do número de vias, com 45% das preferências dos 943 participantes), o candidato pelo PSD à união de freguesias e deputado da assembleia João Pedro Antunes criticou a leitura dos resultados.

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Vão ser instaladas paragens de autocarro nas ciclovias. Era a “melhor solução para não bloquear trânsito”, justifica Mayan. Foto: Ana Francisca Gomes

“O que resultou desta auscultação é que 55% das pessoas querem uma reversão, ou a A ou a B”, explicou na altura, argumentando que só havia a opção de reversão ou de manutenção, que se dividiam em blocos de resposta. Ou a reversão (A e B) ou a manutenção (C e C1). “Ganhou a proposta A, depois a C1, a B e a C. A câmara diz [no relatório] que a proposta vencedora é a C mais a C1. Isto é brincar com os números”.

Quando o Porto Canal questionou Alberto Machado, a União de Freguesias ainda não tinha votado a proposta final para as Avenidas Atlânticas, mas o dirigente foi claro: “Não vamos colocar entraves. Queremos resolver este problema”.

Atualizado 01-04-2023 09:53 A notícia foi editada para deixar claro que a proposta final de reversão das Avenidas Atlânticas foi feita pelo executivo liderado por Rui Moreira. A solução foi, depois, discutida e aprovada esta quarta-feira entre as forças políticas locais de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde. O acordo original de governação entre PSD e o movimento independente de Rui Moreira implicava a reversão das obras nas Avenidas, com ciclovia em cima do passeio.

 

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