Os últimos anos têm sido atribulados para a companhia aérea portuguesa. Desde a transição da gestão privada para o comando do Estado ao processo de restruturação. A turbulência tem-se feito sentir na TAP e abanou já mais de 20 diretores.

De acordo com uma investigação realizada pelo Observador, a maioria das chefias abandonou a companhia em 2021, altura em que foi colocado em prática o plano de reestruturação que, segundo o Governo, chegou com o objetivo de “garantir a sustentabilidade a médio prazo”.

As saídas dos diferentes diretores tiveram também diferentes desfechos: acordos de rescisão, pagamento de indemnizações, saídas por vontade própria, pré-reformas e reformas antecipadas. Sendo que algumas destas indemnizações têm vindo a público devido aos montantes “milionários”, como foi o caso recente de Alexandra Reis, ex-administradora da companhia que recebeu uma indemnização na ordem dos 500 mil euros.

Estes valores vão contra aquilo que foi inicialmente acordado, uma vez que as saídas no âmbito do plano de reestruturação tinham um teto de 250 mil euros. Assim, a CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener está a ser ouvida esta quarta-feira no Parlamento.

As diferentes saídas que começaram em 2020

As primeiras saídas dos últimos dois anos foram do próprio David Neeleman que, juntamente com Humberto Pedrosa, comprou a TAP em 2015, e de Antonoaldo Neves, antigo presidente da comissão executiva, que saiu em julho de 2020 por despedimento do ex-ministro Pedro Nuno Santos.

Elton d’Sousa

Elton d’Sousa trabalhou diretamente com Antonoaldo Neves e é, segundo o Observador, o atual presidente executivo e partner da ACC, em Lisboa. Passou por várias companhias aéreas e empresas do setor como a Swissair, Swiss, Austrian Airlines, e a Netjets.

Como noticia o jornal, Elton d’Sousa estava incluído num grupo criado durante a gestão privada da TAP: a “C Level”, que tinha como objetivo apoiar a equipa executiva da companhia que contava com Antonoaldo Neves, Raffael Quintas e David Pedrosa.

Abílio Martins 

Abílio Martins fez parte também desta estrutura com Elton d’Sousa. Assumiu funções como responsável pela comunicação e deixou a TAP em abril de 2021.

 Arik De

Arik De chega em 2019 como substituo de Elton d’Sousa para o cargo de diretor de receitas e operações. De acordo com o Observador, veio da Aeroméxico e abandonou a companhia aérea portuguesa em março de 2022, depois da chegada da nova equipa executiva.

Seguiu viagem para a companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos, a Etihad.

Raffael Quintas

Raffael Quintas seguiu os voos de Arik De e é, desde dezembro de 2022, o CFO da Etihad. Mas antes disso assumiu funções como administrador financeiro da TAP e só saiu quando terminou o mandato em janeiro de 2021.

Eduardo Correia de Matos

Entrou na companhia aérea portuguesa em 2016 e assumiu responsabilidades pelo serviço ao cliente até abril de 2021. De acordo com o jornal, seguiu depois para a P2D Travel, uma plataforma online que tem como objetivo ajudar empreendedores a fundarem a sua própria agência de viagens. No entanto, atualmente encontra-se na NetSonda onde é acionista e administrador.

Miguel Paiva Gomes

Miguel Paiva Gomes entrou na companhia em 2018 e assumiu funções de presidente executivo da TAP Cargo. Saiu em maio de 2021 para um dos maiores clientes da TAP Cargo: a Inditex, grupo espanhol que é dono das marcas Zara e Massimo Dutti.

Altos cargos também abandonaram a companhia

Profissionais que integravam os quadros durante muitos anos também abandonaram a companhia nos últimos tempos. De acordo com a pesquisa realizada pelo Observador, terão negociado a rescisão de contrato durante o período do plano de reestruturação.

Entre esses nomes encontram-se Ana Paula Canadá, antiga diretora de Marketing; Maria de Fátima Geada, diretora de auditoria; Luís Pedro Ramos, antigo diretor de recursos humanos; Jorge Leite, da Manutenção e Engenharia; Fernando Santos, da gestão global de escalas; e Dionísio Barum da área de marketing e vendas.

Nova CEO, novas contratações

Christine Ourmières-Widener assumiu funções como CEO a junho de 2021 e com ela chegaram salários nunca antes vistos na companhia. Segundo o Jornal Expresso, a nova diretora dos serviços aeroportuários ganha 14.500 euros, o diretor de estratégia, rede e parcerias e projetos especiais recebe 13.000 euros e o diretor de relação com os clientes leva para casa 11.000 euros brutos.