A Câmara Municipal do Porto mantém a intenção de musealizar o curso do rio da Vila na Rua Mouzinho da Silveira no âmbito do projeto Museu da Cidade, disse esta terça-feira à Lusa o vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo.

"É um projeto que obviamente nós continuamos e iremos, em breve, recuperar os trabalhos e lançar um novo concurso para aquilo que é o túnel do rio da Vila", disse o autarca quando questionado acerca de eventuais consequências decorrentes das inundações de sábado.

Filipe Araújo confirmou a informação noticiada em março de 2021 pelo Jornal de Notícias, que dava conta da paragem da obra de musealização do troço do curso subterrâneo de águas pluviais que atravessa o Porto e desagua no rio Douro.

"Houve problemas com o empreiteiro que entretanto foram resolvidos", assegurou esta terça-feira o responsável, que também tem os pelouros Ambiente e Transição Climática e da Inovação e Transição Digital no executivo municipal.

O vice-presidente da autarquia liderada por Rui Moreira salientou que "a zona do museu do rio da Vila é a tal zona que não teve problemas nenhuns" com as enxurradas de sábado, correspondendo à parte "que não entrou em carga e que escoou a água sem problemas".

Atualmente, no 'site' do Museu da Cidade, a estação daquele projeto relativa ao rio da Vila é descrita como estando "em construção".

"O Rio da Vila é um trajeto museológico sobre um curso de água, que corre, literalmente, debaixo do solo portuense, entre a Praça de Almeida Garrett, junto à Estação de São Bento, e o Largo de São Domingos, com cerca de 350 metros", pode ler-se na página.

Segundo o 'site', "o projeto a criar implica um espaço expositivo sobre a galeria, um percurso constituído por vários hasteais e abóbadas em pedra granítica que remontam desde a Época Romana, até à atualidade".

"Inscrita no eixo líquido e no eixo sonoro, a estação 7 [do Museu da Cidade] corresponde a um troço fechado por decreto do município em 1872, que será em breve reaberta e visitável", refere a página.

Paralelamente a este projeto, o Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) da Linha Rosa do Metro do Porto, de fevereiro de 2020, propunha um Plano de Salvaguarda do Património Cultural e também medidas de Compensação do Património Cultural, permitindo "minimizar o inevitável impacte já previsto sobre o Rio da Vila" pela empreitada da Metro.

"Como medida compensatória é feita a indicação da possibilidade de exposição museológica do troço da galeria na Estação de São Bento, tendo o próprio projeto já identificado dois espaços expositivos destinado à musealização do rio da Vila", pode ler-se no RECAPE.

Segundo o relatório, "um dos novos espaços localiza-se na zona de interligação da estação existente de metro com a nova estação, servirá de receção, divulgação e acompanhamento de visitas guiadas ao aqueduto de granito existente sob a Rua Mouzinho da Silveira".

"O segundo espaço, localizado no novo Acesso 'Rua da Madeira', servirá de exposição dos principais achados arqueológicos e de desenhos temáticos sobre o rio da Vila", refere o documento.