Indemnização milionária e salário de milhões. Pressão aumenta sobre a presidente executiva da TAP

Porto Canal
Numa altura em que aumenta o tom em torno da polémica que envolve Alexandra Reis, antiga administradora executiva da TAP, recordamos algumas das questões mais controversas que envolvem a Transportadora Aérea Portuguesa. Entre indemnizações avultadas e prémios chorudos, estão os milhões de euros de salários que foram pagos a Christine Ourmières-Widener.
A administração executiva da TAP recebeu cerca de 1,5 milhões de euros em salários no ano de 2021, segundo o Relatório de Governo Societário desse ano. A presidente executiva Christine Ourmières-Widener leva o maior valor, cerca de um terço do total: 504 mil euros anuais. Os outros quatro administradores executivos levaram, cada um, 245 mil euros. Ainda que os valores reflitam um corte de 30% para lidar com o difícil contexto financeiro da empresa, na lista inclui-se ainda Alexandra Reis, a agora secretária de Estado do Tesouro que recebeu uma indemnização de meio milhão de euros. Já enquanto administradora, recebeu 245 mil euros em 2021.
Além do salário, a liderança da TAP teve direito a outros benefícios como seguros de saúde e telemóvel de serviço. A presidente executiva, nascida em França, pode receber até 30 mil euros para subsídio de residência. No total, entre administradores executivos e não executivos, o Conselho Fiscal e Assembleia Geral da TAP pagou, em 2021, quase dois milhões de euros em remunerações.
A polémica que envolveu a BMW
Para além dos salários avultados, a TAP está envolvida noutras polémicas, todas ocorridas este ano. Tal como foi noticiado em outubro deste ano, a TAP contratou, em regime de renting, uma frota de 79 carros da marca BMW que seriam destinados aos administradores da empresa. Mais tarde, a transportadora acabou por voltar atrás na decisão de alugar os veículos, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter considerado que a TAP tinha “um problema de bom senso”. Nunca foi revelado o valor de indemnização que teve de ser pago à fornecedora do serviço, neste caso, à BMW.
Nomeada diretora sem currículo
Também em outubro, foi noticiado que a TAP contratou para diretora da empresa uma amiga da presidente. Isabel Nicolau ficou responsável pela melhoria contínua e sustentabilidade da companhia aérea portuguesa. A escolha foi contestada não só pela amizade, como também pela alegada falta de currículo. Isabel Nicolau, engenheira civil, foi nomeada para um cargo relacionado com a aviação.
Secretária de Estado recebe Indemnização de meio milhão
Em Fevereiro deste ano Alexandra Reis, a nova secretária de Estado do Tesouro recebeu uma indemnização de 500 mil euros da TAP. A antiga administradora executiva da companhia ganhava 245 mil euros por ano mas foi indemnizada depois de deixar o cargo com dois anos de contrato por cumprir. Passados quatro meses, em junho, a agora secretária de Estado do Tesouro foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal.
Depois de Fernando Medina e Pedro Nuno Santos, foi a vez de António Costa reagir à polémica. O primeiro-ministro afirmou, esta terça-feira, desconhecer “em absoluto os antecedentes” e pediu esclarecimentos sobre a indemnização atribuída pela TAP à secretária de Estado Alexandra Reis e diz aguardar a “qualificação jurídica” dos factos.