Covid-19: Polícia de Berlim usa canhões de água contra manifestação anti-restrições
Porto Canal com Lusa
Berlim, 18 nov 2020 (Lusa) -- A polícia alemã usou hoje canhões de água em Berlim para dispersar uma manifestação de protesto contra as medidas restritivas impostas no âmbito da pandemia de covid-19 já que os ativistas se recusaram a usar máscara.
Pouco antes, a polícia tinha ordenado a dispersão desta aglomeração, que juntou entre 5.000 e 10.000 pessoas perto da Porta de Brandeburgo, no coração da capital, após ter, sem sucesso, ordenado que respeitassem as instruções sanitárias.
Milhares de pessoas juntaram-se hoje no centro de Berlim para protestar contra as medidas impostas no âmbito da pandemia da covid-19 enquanto os deputados debatem um projeto de lei para reforçar a capacidade das autoridades de impor restrições.
Os protestos em frente ao edifício do parlamento foram proibidos por questões de segurança e foi criado um cordão de segurança numa ampla área, incluindo em volta do Bundestag (o parlamento alemão), dos gabinetes parlamentares, da chancelaria federal e da residência e gabinetes presidenciais, para evitar que algum manifestante desafiasse a proibição.
A multidão estava a ser observada por helicópteros da polícia, que acabou por usar canhões de água para dispersar as pessoas.
Como a maioria dos protestos contra as restrições ligadas ao coronavírus, os manifestantes vieram de todas as esferas políticas e sociais, desde a extrema-esquerda até à extrema-direita, mas incluindo também famílias, estudantes e outros grupos.
"Queremos as nossas vidas de volta", lia-se numa faixa empunhada por manifestantes, enquanto um cartaz reivindicava "Coloquem os bancos sob vigilância, não os cidadãos".
Um manifestante segurava uma bandeira com uma foto do Presidente dos EUA, Donald Trump, e uma imagem invocando a teoria da conspiração de direita "QAnon", enquanto outro exibia um cartaz com a imagem do principal virologista alemão, Christian Drosten, vestido com uma farda de prisioneiro e acompanhado da palavra "culpado".
Os protestos ocorreram quando os deputados alemães iniciaram o debate sobre o projeto de lei que pretende reforçar a base legal para que o Governo decrete regras de distanciamento social, exija uso de máscaras em público e encerre lojas e outros locais para reduzir a propagação do vírus.
Embora tais medidas sejam apoiadas pela maioria das pessoas na Alemanha, uma minoria tem feito manifestações regulares em todo o país, argumentando que as restrições são inconstitucionais.
É esperado que as medidas sejam aprovadas tanto pela câmara baixa como pela câmara alta do parlamento e sejam rapidamente assinadas pelo Presidente da Alemanha.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, reagiu bruscamente à acusação de alguns manifestantes de que as medidas eram semelhantes à Lei de Concessão de Plenos Poderes, de 1933, que permitia aos nazis promulgar leis sem aprovação parlamentar.
"Toda a gente tem, naturalmente, direito a criticar as medidas, a nossa democracia prospera através da troca de opiniões diferentes. Mas quem relativiza ou banaliza o Holocausto não aprendeu nada com a nossa história", escreveu o ministro na rede social Twitter.
Uma manifestação realizada no início deste mês na cidade de Leipzig terminou em caos quando milhares de manifestantes desafiaram as ordens da polícia, primeiro para usar máscaras e depois para dispersar, tendo alguns participantes agredido polícias e jornalistas.
As autoridades locais foram criticadas por agirem muito devagar e sem a força suficiente para dispersar a multidão em Leipzig, permitindo que a situação ficasse fora de controle.
A polícia de Berlim explicou o uso de canhões de água com o facto de feito vários avisos a quem estava a violar a regra do uso de máscara e da manutenção do distanciamento social, tendo sido completamente ignorada.
A Alemanha, que foi elogiada pela forma como lidou com a primeira vaga do vírus, registou recentemente um aumento acentuado do número de novas infeções e está agora num segundo confinamento parcial para tentar diminuir a propagação da doença.
No total, o país regista 833.000 casos de coronavírus e mais de 13.000 mortes desde o início da pandemia.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.339.130 mortos resultantes de mais de 55,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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