Ucrânia: Observadores da OSCE impedidos de entrar na Crimeia

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Porto Canal / Agências

Kiev, 06 mar (Lusa) -- Os 40 observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em deslocação à Ucrânia a convite do novo executivo, foram impedidos de entrar na Crimeia por homens armados, anunciou hoje fonte da organização em Viena.

Os 40 militares não armados regressaram à cidade de Herson, onde deverão decidir a continuidade da sua missão à Crimeia, que está prevista até ao próximo dia 12, indicou uma porta-voz da OSCE, citada pela Agência France Presse.

"Eles foram impedidos de entrar por dois grupos de homens armados, muito profissionais", declarou uma fonte diplomática ocidental à AFP, precisando que os observadores da organização foram bloqueados depois das 13:00 locais (11:00 em Lisboa) numa barreira na estrada de acesso a esta região do sul da Ucrânia controlada por elementos armados.

Os observadores são oriundos de 21 países-membros da OSCE, encontrando-se na Ucrânia a pedido de Kiev.

"Trata-se de observadores militares, mas desarmados. Eles não atuam enquanto soldados", afirmou na quarta-feira um porta-voz da OSCE.

A missão ocorre no âmbito do Documento de Viena, adotado em 1990, que encoraja os países-membros a convidar outros Estados a observar determinadas atividades militares ou a aceitar até três inspeções de instalações militares por ano.

Prevê ainda consultas e cooperações "em caso de atividades militares invulgares e aumento da tensão" e permite aos Estados receber missões militares "para dissipar as preocupações", segundo o documento, ratificado pelos 57 membros da organização.

Na quarta-feira, o enviado especial da ONU à Crimeia, Robert Serry, teve de terminar abruptamente a sua missão depois de ser ameaçado por homens armados em Simferopol. Segundo as Nações Unidas, Serry deve regressar a Kiev.

A tensão na região acentuou-se nos últimos dias com a decisão do Senado russo de autorizar o envio de tropas para a república autónoma da Crimeia, no sul da Ucrânia, território de maioria russófona e estratégico para Moscovo, que ali tem a base da sua frota do Mar Negro.

A decisão foi tomada em nome da proteção dos cidadãos e soldados russos, depois de o governo autónomo ter rejeitado o novo Governo da Ucrânia, formado pelos três principais partidos da oposição ao Presidente ucraniano, Viktor Ianukovich, atualmente exilado na Rússia.

O parlamento da República Autónoma ucraniana da Crimeia convocou hoje um referendo para o dia 16 de março, em que perguntará aos cidadãos se desejam continuar na Ucrânia ou unir-se à Rússia.

JH // VM

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