Trabalho precário atinge valor mais alto desde que a Troika chegou a Portugal
Porto Canal (MYF)
O trabalho precário atingiu os valores mais altos, em 2016, desde que a Troika chegou a Portugal. Os recibos verdes e os contratos a prazo estão a ser a solução encontrada pelos empregadores e já ultrapassaram os 800 mil pessoas.
Desde 2011 que não se verificava um número tão elevado. O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes, explica que as as empresas "não arriscam em empregar permanentemente face à instabilidade da economia", mas também por questões relacionadas com a sazonalidade e com a duração dos recibos verdes.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) trabalho precário e o desemprego representavam mais de 50% da força do trabalho em 2012, registo que até hoje se mantém.
O trabalho precário torna-se aliciante para os patrões, é muito fácil despedir um trabalhador a prestações de serviços ou não renovar um contrato a prazo, sem esquecer que o empregado ficará muito mais barato.
"Não recebe indemnização, a taxa social única é mais baixa, não tem direito a férias ou súbsídio de Natal", explicou João Camargo, da direção da associação dos 'Precários Inflexíveis'. Acrecenta ainda que o Estado apoiou esta precariedade.
Estas medidas foram algumas das impostas durante a estadia da Troika em Portugal, aquando reduziu o valor das indemnizações em caso de despedimento e facilitou o despedimento coletivo e a extinção do posto de trabalho. Mesmo assim, Bruxelas continua a dizer que o país tem dificiculdade em despedir individualmente.
Já José Brinquete, da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas, avança que antes de se partir para quaiquer penalizações, é necessário implementar políticas que mantenham a sustentabilidade das empresas - a estabilidade fiscal e descida de impostos são duas das referidas.