Tsipras abandonado no Syriza, salvo pela oposição

Tsipras abandonado no Syriza, salvo pela oposição
| Economia
Porto Canal (MPM)

Terminadas as negociações em Bruxelas, chegou a altura de Alexis Tsipras expor o acordo alcançado ao parlamento grego. O primeiro-ministro tem a aprovação garantida, uma vez que já garantiu o apoio da oposição. O maior problema de Tsipras está dentro do seu próprio partido, o Syriza.

É sabido que o Syriza tem uma facção mais radical, a Plataforma de Esquerda. Dificilmente algum dos integrantes desta ala demonstrará apoio a Tsipras, e é expectável que sejam apresentadas algumas demissões para acrescentar à de Nikos Chountis, que abandonou o cargo de ministro adjunto para os Assuntos Europeus. Chountis deixou, inclusive, o cargo de deputado do Syriza.

A Plataforma de Esquerda, está, segundo o jornal grego Kathimerini, a chamar ao entendimento com os credores "o pior acordo possível... que mantém o estatuto do país: uma colónia de dívida numa União Europeia governada pela Alemanha".

A presidente do parlamento Zoe Konstantopoulou tem sido a par de Panagiotis Lafazanis, ministro da Energia, uma das principais contestatárias das medidas previstas para o terceiro resgate, e deverá ser alvo de uma moção de censura. No entanto, não é expectável que se demita.

A votação desta quarta-feira ficará marcada pela abstenção prevista de vários membros do partido do Governo, ou até pela ausência dos deputados da mesma. "Há uma divisão dentro do partido, parte dos responsáveis e deputados do Syriza não aceitam as tácticas seguidas pelo nosso primeiro-ministro", disse Yanis Balafas, deputado do Syriza, citado pela Bloomberg. "O que interessa agora é que o cenário mais negro, o default, foi evitado", admitiu, sugerindo que apesar de não existir apoio dos deputados, será evitado o "não" claro ao líder do executivo.

Além das contrariedades dentro do Syriza, Tsipras terá o "não" do parceiro de coligação, o ANEL. "O acordo fala de garantias no valor de 50 mil milhões de euros sobre bens públicos, de mudanças da lei que incluem a confiscação de casas... Não podemos concordar com isso", afirmou esta segunda-feira Panos Kammenos, líder do ANEL e ministro da Defesa.

Aprovação garantida

Apesar de não ter total apoio dentro da coligação governamental, o primeiro-ministro deverá garantir esta quarta-feira a aprovação das quatro primeiras medidas do acordo, que incluem as tão discutidas reformas nas pensões e o aumento do IVA. O peso dos votos da oposição entre os 300 deputados do parlamento grego será suficiente.

Maior derrotado das eleições legislativas deste ano, o partido Nova Democracia, com 76 deputados, afirma que o acordo alcançado esta segunda-feira de manhã é "doloroso, muito pior do que o que existia até agora", mas "necessário para evitar uma catástrofe". Vangelis Meimarakis, líder interino do partido, lembra que "agora a prioridade é preservar a coesão social, garantir o financiamento do sistema bancário, começar a restaurar a credibilidade do país e a sua estabilidade política".

Stavros Theodorakis, líder da quarta força política grega, o To Potami, assegurou a resposta afirmativa na votação desta quarta-feira. "Esperamos que governo, parlamento e partidos estejam à altura das circunstâncias e sem demoras tomem a decisão necessária para entrar, o mais depressa possível, numa nova era", disse Stavros, ressalvando a promessa de manter a Grécia no euro, mantida por Tsipras.

Já o socialista e ex-líder do PASOK, partido com treze deputados no parlamento, classificou o acordo como "duro e humilhante e muito pior que os dois anteriores memorandos de entendimento", mas tal como Stavros Theodorakis, lembrou a importância de os gregos terem permanecido na zona euro o que, caso contrário, seria "um desastre total".

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